É verdade que o desenvolvimento exige o contributo, que esse desenvolvimento implica termos uma economia competitiva e que isso implica adaptar o país a cada nova realidade, ou seja, fazer reformas. É tempo de explicar a importância, necessidade, inevitabilidade e urgência das reformas, mas para que os portugueses se envolvam com o seu esforço não podem ser apresentadas como se fosse um tratamento de quimioterapia aplicado a um país com problemas do foro oncológico.
O país não é dos mais ricos entre os mais ricos, mas estamos muito longe da miséria que o discurso negativo de alguns políticos faz supor. Todavia, temos muitos mais pobres do que o que seria de esperar com a riqueza que o país produz, situação explicada pela injustiça na distribuição de rendimentos mas que também resulta da baixa qualificação de muitos portugueses. É preciso mobilizar os portugueses para criar riqueza e isso implica que apostem na qualificação, na educação dos filhos, na aposta colectiva na modernização da economia. A curto prazo os rendimentos dos mais pobres podem e devem melhor através da adopção das decisões políticas adequadas, mas a longo prazo a melhoria dos rendimentos médios dos portugueses passa pela qualificação.
É tempo de dizer aos portugueses que não há políticos salvadores, que o orçamento do Estado não faz milagres e é financiado pelos impostos dos portugueses e que o desenvolvimento do país é uma tarefa colectiva. O papel dos políticos não é salvar o país como faz supor o discurso de alguns dos nossos dirigentes partidários, dos governantes espera-se a definição de estratégias para o futuro, a gestão rigorosa dos recursos públicos e o esclarecimento e mobilização dos cidadãos para que o país possa fazer frente às muitas situações adversas que podem surgir.
É tempo de os políticos assumirem que não são milagreiros nem endireitas para líderes de um povo que precisa de esperança e de acreditar no futuro.