Nos últimos dias os ideólogos da direita desdobraram-se em artigos de opinião tentando impor um referendo ao casamento gay, o objectivo é queimar tempo e adiar qualquer decisão e apostar tudo num referendo que muito provavelmente não será representativo. Argumentar que o objectivo é promover uma discussão alargada é falso como se viu na qualidade de muitos dos argumentos utilizados contra o aborto.
Sempre fui contra referendos e não é desta que “mordo o isco” de uma direita que incapaz de argumentar opta por jogar tudo no voto da homofobia.
A mesma direita que quer o referendo há algum tempo veio a público opor-se à legislação aplicável às uniões de facto, tendo beneficiado do conservadorismo da família Silva cujo chefe acumula as funções com as de Presidente da República. A direita sugeriu que quem quisesse ter alguns dos direitos e obrigações decorrentes do casamento que se casasse.
Agora que está em causa o casamento gay alguns sectores da direita já sugerem que se uma nova figura jurídica que se aplique aos gays reservando o casamento para os que casam a coisa com o coiso. Isto é, quando estava em causa as uniões de facto a direita limitou-se a defender que ou se casavam ou nada, agora que estão em causa os gays a direita sugere um contrato familiar dando-lhes mais direitos do que os que recusaram às uniões de facto.
Por este andar ainda vou ver a direita homofóbica perseguir as uniões de facto exibindo os gays como modelo, um não se casam, os outros acasalam-se juridicamente e só não o fazem porque pipi com pipi ou pila com pila não dá casal.
Mais hipocrisia é impossível.