sexta-feira, novembro 13, 2009

Umas no cravo e outras tantas na ferradura

FOTO JUMENTO

Benfica

IMAGEM DO DIA

[Arko Datta/Reuters]

«A homeless boy sought shelter from the rain outside a Domino’s Pizza parlor in Mumbai Wednesday.» [The Wall Street Journal]

JUMENTO DO DIA

Pedro Lomba

Como é que este país não passa da cêpa torta apesar de contar com mentes tão brilhantes como a de Pedro Lomba?

A MENTE BRILHANTE DE PEDRO LOMBA

Pedro Lomba juntou as peças do puzle socrático e escreveu um artigo no Público que explica todas as manigâncias de José Sócrates, tão brilhante que os meus amigos do PSD não perderam tempo e puseram-no a circular por mail, está lá tudo explicado! Vale a pena ler:

Acto I. Estamos a 3 de Outubro de 2004 e José Sócrates é eleito líder do PS. A 9 de Outubro, Armando Vara regressa à direcção do partido pela mão de Sócrates. A 20 de Fevereiro de 2005, o PS vence as legislativas com maioria absoluta. A 2 de Agosto de 2005, há mudanças na Caixa Geral de Depósitos: Teixeira dos Santos afasta Vítor Martins e Vara integra o “novo” conselho de administração. A maioria dos membros desse conselho é afecta ao PS.

Avancemos no tempo. Grande plano. No primeiro semestre de 2007, a Caixa financia accionistas hostis ao conselho de administração em funções no BCP.

Cresce o peso do banco do Estado no maior banco privado português. Vara e Santos Ferreira são incluídos em lista concorrente nas eleições para o conselho executivo. O jornais falam no financiamento da Caixa ao empresário Manuel Fino que apoia Santos Ferreira:

«A garantia desses financiamentos é feita em primeira linha com os títulos adquiridos com os fundos emprestados, sendo, nalguns casos, reforçada com outros activos de menor volatilidade.

Estas operações foram aprovadas pelo Conselho Alargado de Crédito da Caixa formado por cinco administradores: Carlos Santos Ferreira, o então CEO, o seu vice, Maldonado Gonelha, Armando Vara, Celeste Cardona e Francisco Bandeira.

[...]

"Este grupo de investidores tem vindo a reforçar a sua presença no BCP, o que lhes têm assegurado uma palavra a dizer no combate que se trava pelo controlo do poder no maior banco privado português. Actualmente, no quadro da assembleia geral de accionistas de 15 de Janeiro, todos eles subscreveram a lista que Santos Ferreira e Vara candidatam ao conselho de administração executivo (CAE). Admite-se ainda que Manuel Fino (que apoia Santos Ferreira) tenha igualmente financiamento da CGD."

A 15 de Janeiro de 2008, Armando Vara é eleito vice-presidente do BCP. Segundo documento divulgado pelo próprio banco ficam a seu cargo os pelouros executivos mais relevantes: (i) Rede Corporate; (ii) Rede Empresas; (iii) Factoring e Leasing; (iv) Marketing de Empresas; (v) Aprovisionamento, Património; (vi) Desinvestimento de Activos; (vii) Fundação BCP; (viii) Millennium Moçambique. Ou seja, Armando Vara coloca-se precisamente no coração dos movimentos de créditos, dívidas, compras e vendas de acções e activos. No centro do fluxo de todos os interesses e todas as influências.

Chegados aqui, com os actores certos nos papéis certos nas duas maiores instituições de crédito nacionais (CGD e BCP), tudo se torna possível. O primeiro golpe foi concluído. Começou então o segundo.

Acto 2. Com as possibilidades que o controlo do BCP oferece, o recém-chegado grupo Ongoing, que entretanto adquirira o Diário Económico e já tinha uma posição no Grupo Impresa (SIC, Expresso, etc), é financiado para novas acções.

Com o grupo Ongoing: José Eduardo Moniz sai da TVI e controla-se a Media Capital, depois de uma tentativa de aquisição pela PT abortada pelo Presidente e pela oposição.

Em Fevereiro de 2009 torna-se possível ajudar o empresário Manuel Fino a aliviar os problemas financeiros (em parte criados pelo reforço da posição no BCP) junto da CGD prestando uma dação em pagamento com acções suas valorizadas cerca de 25% acima do preço de cotação e com opção de recompra a seu favor.

Torna-se também possível ajudar o «amigo Oliveira» a resolver os problemas financeiros do seu grupo de media (Diário de Notícias, TSF, Jornal de Notícias).

Tudo factos do domínio público que muitos a seu tempo denunciaram. Sócrates respondia com a cassete familiar: “Quem tem procurado debilitar os órgãos de supervisão, lançando críticas à sua actuação no BCP, está a fazer 'política baixa'".

Política baixa, diz ele. Estamos perto do fim desta operação bem montada. Sócrates ganhou de novo as eleições. Mas este encadeamento todo precisava de confirmação. Incrivelmente, nas escutas a Armando Vara no caso “Face Oculta” eis que surge a arma do “crime” libertando fumo: "O primeiro-ministro e o ‘vice’ do BCP falaram sobre as dívidas do empresário Joaquim Oliveira, da Global Notícias, bem como sobre a necessidade de encontrar uma solução para o ‘amigo Joaquim’. Uma das soluções abordadas foi a eventual entrada da Ongoing, do empresário Nuno Vasconcellos, no capital do grupo. Para as autoridades, estas conversas poderiam configurar o crime de tráfico de influências."

Escutas nulas, disse o Supremo. Os factos, meus amigos, é que não são.

A 15 de Janeiro de 2008, Armando Vara é eleito vice-presidente do BCP.» [Público]

Graças à brilhante inteligência de Pedro Lomba percebi tudo, desiludam-se os que imaginam que Vara foi para a administração doTudo isto foi para ajuda BCP para ganhar milhões e ter um gabinete de luxo para receber o Godinho sempre que este lá fosse entregar-lhe as gorjetas de dez mil euros. Até o famoso "Jornal da Sexta" da Manuela Moura Guedes foi criado para nos distrair e não percebermos o alcance da jogada do Sócrates.

Pois é, Sócrates fez tudo para que o Moniz, um dos homens da comunicação que mais o apoia, ficasse na Ongoing e esta pudesse comprar o grupo do Oliveira com o dinheiro do BCP! Para isso contou com a preciosa ajuda do presidente da CGD, um militante do PSD e ex-ministro de Cavaco Silva, usou o dinheiro deste banco para financiar accionistas do BCP, para depois usar o dinheiro deste banco para ajudar a Ongoing, que por sua vez contratou o Moniz para depois este poder comprar a TVI e o grupo dos Oliveiras.

Há aqui qualquer coisa de errado, não há? Se eu fosse o Lomba escrevia já no testamento a deixar o seu cérebro prara dizer que doa o seu cérebro à ciência, pode ser que um dia seja possível transferir a informação e o processador graças a um qualquer invento da bio-informática e nesse dia ficaremos todos tão espertos quanto ele!

Bem, é melhor ter cuidado com as minhas propostas não vá o Lomba desconfiar e decidir mandar o seu precioso cérebro para a terra com consequências desastrosas, depois das vacas loucas iríamos ter de enfrentar uma praga de minhocas loucas. Haveria o risco de algum melro ficar louco e dar-lhe para comer sementes de eucalipto coisa que só um melro louco comeria, depois poderia depositar alguma semente no jardim de São Bento onde acabaria por nascer um belo eucalipto, tão belo que o BCP poderia entrar com algum para ajudar a Portucel a transformá-lo em papel de luxo diplomas.

Por este andar um qualquer Lomba ainda concluiria que Sócrates foi para primeiro-ministro para pôr o Vara no BCP na esperança de o Pedro Lomba escrever este belo artigo, que motivaria um post d'O Jumento que acabaria por conduzir o país e o mundo de forma a que Sócrates conseguisse um doutoramento sem ter de escrever a tese!

AVES DE LISBOA

Juvenil de galinha-d'água [Gallinula chloropus]

FLORES DE LISBOA

No Jardim Gulbenkian

DE TÁXI DENTRO DO HEMICICLO

«Ontem, apanhei um táxi. Era uma senhora que o conduzia. Cara grave, zangada, mesmo. Reconheci-a, há poucos meses já apanhara este táxi e esta taxista. O tom de voz confirmou--me: "Existe na sociedade portuguesa um clima de suspeição!" Era ela. E já não era só a voz com pontos de exclamação e o cenho franzido. Era a conversa. Da outra vez, lembro-me, ela atirou-se à "asfixia democrática na sociedade portuguesa". Nessa primeira viagem, aproveitei o semáforo vermelho: asfixia, acha? E ela, acelerando, mal o verde abriu: "Escutas..." E eu: mas há escutas? E ela: "Eu não quero saber se há escutas ou não, eu não quero saber se há retaliações ou não, o que é grave é que as pessoas acham que há!" Ontem, também esperei uma paragem (lei: nunca contestar um taxista com o semáforo no amarelo, ele, ou ela, acelera) para perguntar: suspeição? Fiz bem em ter aproveitado uma paragem, porque a senhora largou o volante e virou-se: "Mas onde é que você anda? Em todos os cafés, em todos os autocarros, a conversa é só essa..." Não alimento cientistas sociais à bandeirada, anunciei-lhe que saía ali. Paguei, abri a porta e ela ainda me gritou qualquer coisa. Acho que dizia "destruição de provas...", mas fiquei sem saber do que ela falava. Nem ela, suspeito. » [Diário de Notícias]

Parecer:

Por Ferreira Fernandes.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

A ESTRATÉGIA DA TESOURA

«Com tantos óbices, porquê empreender esta aproximação ao CDS? Em primeiro lugar, por razões de posicionamento ideológico. Medindo quer através da codificação dos programas eleitorais, quer através de inquéritos à opinião pública, verifica-se que o PS está mais próximo do CDS do que do PCP ou do BE quando consideramos temas de cariz socioeconómico.

E depois, porque estes dois partidos têm um inimigo comum: o PSD. Quase quinze anos depois do fim do Cavaquismo, o principal partido da direita portuguesa encontra-se mais uma vez seriamente debilitado e sofrendo uma crise de liderança. Momento excelente então para PS e CDS ensaiarem novamente, três décadas depois, a estratégia da tesoura. Resta saber se, tal como em 1978, é o PS quem terá mais custos nesta jogada.» [Jornal de Negócios]

Parecer:

Por Marina Costa Lobo.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

OS GRANDES VOTOS

«Sem preocupações de grande rigor, poderia começar por afirmar que, de modo geral, queremos todos mais ou menos o mesmo: paz, amor, felicidade, viver bem (conforto, segurança). Estes objectivos encontram-se, naturalmente, referenciados por circunstâncias de lugar e de tempo, não sendo por isso que perdem a sua generalidade. E não é por acaso que quem se afasta deste mainstream se coloca, e se vê, a si próprio, por vezes de forma extremamente clara e assumida, como fazendo parte de uma contracultura.

Não é portanto, aqui, que começamos a divergir. O problema é que os "grandes votos" fazem parte do aspiracional, para não dizer do ilusório, ou, noutra linguagem, do metafísico e do transcendental. São bonitos mas servem para pouco, se se trata de responder a uma outra questão: que fazer?

Embora tenha comigo, em casa, os 42 grossos volumes das Obras Completas de Lenine, nunca os li senão numa pequeníssima parte. Li alguma coisa, pouca, e muito do que foi dito pelos chamados "divulgadores". De um ponto fiquei convencido, e admirador: da sua obsessão com "o que fazer", com a "acção concreta", exigindo "análise concreta da situação concreta". Estamos de regresso à realidade, quase nos antípodas do aspiracional, que só não fica completamente perdido porque continua a brilhar como uma luz orientadora, no limite do horizonte, para não dizer algures no firmamento. Decorrem, destes juízos de facto, coisas tão prosaicas e tão sábias como "um passo atrás, dois passos em frente" ou "metam o socialismo na gaveta", no que, neste sentido e ao que veio a verificar-se mais tarde, ficará como a mais leninista de todas as recomendações alguma vez proferidas por um grande político português.
A análise concreta da situação concreta revela que, infelizmente, os portugueses vivem bem demais - vivem, pelo menos, muito acima das suas possibilidades. Produzem um pouco menos de 90 por cento dos bens que absorvem seja para consumo (em família, ou através do Estado) seja para investimento (em casa, nas empresas ou, de novo, através do Estado). Porque esta situação se prolonga desde há muitos anos, encontram-se muito perto dos limites do endividamento, diariamente confrontados com restrições ao crédito (degradação de ratings, aumento de spreads, aqui e ali, as primeiras restrições quantitativas).

A análise concreta da situação concreta aponta para um único caminho: produzir mais (e não gastar mais), dar toda a prioridade à produção (e não à distribuição). Com a escala global que o problema atingiu (o défice e as dívidas são de todos nós), e num mundo tão aberto e tão globalizado como aquele em que viemos a viver (os credores são externos) não há outra forma de seguir o caminho preconizado que não seja: exportar, exportar, exportar...

Exportar, investir para exportar, criar emprego em actividades (indústrias e serviços) exportadoras, consumir internamente (começando pelos rendimentos gerados nas actividades exportadoras), aumentar a cobrança de impostos por parte do Estado (começando pelo rendimento gerado nas actividades exportadoras, sem aumento das taxas dos impostos) é a única via que se oferece à sociedade portuguesa para começar a vencer os desequilíbrios económicos que a sufocam e, a mais longo prazo, começar a caminhar num sentido mais consentâneo com as suas grandes aspirações.

Que estas exportações tenham de ter um conteúdo tecnológico crescente, incorporando também cada vez mais inovação, em geral, faz já parte do procedimental (ditado por preocupações idênticas de "análise concreta da situação concreta"), não sendo para aqui chamado, neste momento.

O pior cenário é o de podermos partir para a realização dos mesmos "grandes votos" convencidos de que o caminho terá de ser o do aumento da procura interna - caminho já experimentado, com êxito, e porventura ainda experimentável, com o mesmo êxito expectável, em situações concretas muito diferentes das nossas: em grandes economias, muito mais fechadas (com baixo conteúdo de importação), de preferência menos endividadas.

A curto prazo, mesmo em Portugal, tudo correrá melhor. Haverá mais despesa, mais animação nos mercados, mais emprego. Os fornecedores estrangeiros exultarão (sendo muito provável que os seus governos não lhes estraguem a festa, deixando-os vender, primeiro, para nos virem recordar, depois, que gastamos demais, e que temos de "apertar o cinto"). O mesmo sucederá com alguns fornecedores nacionais (refiro-me ao "exultarão"). O sistema financeiro internacional (leia-se, europeu, a começar pelo mais institucional) poderá esperar mais um pouco, não restringindo tanto, já, o crédito ao nosso país.

Repetir-se-ia, a ser assim, o erro que comandou a política económica portuguesa ao longo de toda a década de noventa do século passado. E, um belo dia, alguém teria de fugir de um "novo pântano", desta vez pior, porque sobretudo económico (e não apenas ou predominantemente político). Ter-se-ia perdido, uma vez mais, a oportunidade de "regenerar" a economia portuguesa.» [Público]

Parecer:

Por Daniel Bessa.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

MILITANTE DO PSD AJUDA A ELABORAR PROGRAMA DO PSD

«O polémico empresário, Pedro Sarmento Coelho, de 33 anos, que viu o projecto de 30 milhões de euros para produzir bivalves no mar de Cascais falhar, apesar das suas ligações ao PS e de ter participado activamente na campanha de José Sócrates, é, afinal, militante do PSD, inscrito na secção F de Lisboa. » [Correio da Manhã]

Parecer:

Um dia destes só o António Peto e a Manuela Ferreira Leite estão no PSD.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se ao empresário se tem as quotas em dia.»

PCP E BE NÃO QUERIAM FIM DAS TAXAS MODERADORAS?

«O PCP e o BE mostraram esta quinta-feira estranhar o facto de o Governo liderado por José Sócrates ter antecipado o fim das taxas moderadoras, antes mesmo do Orçamento de Estado para 2010.

"O Governo não tinha necessidade de andar a correr atrás da agenda parlamentar" e devia "respeitar os calendários parlamentares de que tem conhecimento", afirmou Bernardino Soares, líder parlamentar do PCP.» [Correio da Manhã]

Parecer:

Azar, não podem dizer aos eleitores que foram eles que acabaram com as taxas.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»

INVESTIGAÇÃO DEVE SER CONDUZIDA POR UM JUIZ

«As ondas de choque do caso "Face Oculta" continuam a provocar danos nas estruturas das magistraturas. Ontem, à boleia da polémica com o procurador-geral, o presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Noronha do Nascimento, resolveu recuperar uma ideia antiga: o regresso ao modelo de investigação criminal liderado por um juiz e não por um procurador do Ministério Público.

Ainda que não se tenha referido directamente à ideia, Noronha do Nascimento, em declarações à RTP, depois de criticar o envio de certidões "tão importantes" do caso Face Oculta "aos bocadinhos" e às "bochechas", lançou: "É preciso pensar se não temos de repensar toda a estrutura da investigação."» [Diário de Notícias]

Parecer:

Concordo com o Presidente do STJ, com o actual modelo há espaço para golpes e o MP tem demasiadas semelhanças com a Gestapo.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aprove-se.»

ARMANDO VARA MANTÉM SALÁRIO

«A suspensão de Armando Vara, aceite ontem em Conselho Geral e de Supervisão (CGS), não altera o seu vínculo de trabalho no BCP, referiu o presidente do CGS, Luís Champalimaud. Quer isto dizer que Armando Vara mantém-se sujeito ao regime de incompatibilidades, definido nos estatutos do BCP e ao dever de sigilo. Já em relação à manutenção do seu salário, essa é uma decisão que cabe ao Conselho de Remunerações e Previdência. Joe Berardo, presidente deste órgão, explicou ao Diário Económico que há uma reunião para discutir esse assunto já na próxima sexta-feira. Mas lembrou que a decisão tomará em conta que Armando Vara foi para o BCP, desvinculando-se da CGD, e que mantém a impossibilidade de trabalhar noutro sítio, porque se mantém vinculado ao BCP.» [Diário Económico]

Parecer:

Vai haver por aí muitos latidos.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «A decisão faz sentido e estando em causa um banco privado aceita-se a decisão.»

JUIZ ATRAPALHADO

«Na conversa interceptada pelos investigadores, Godinho comunica a Vara que ganhou a acção contra a Refer na Relação do Porto, respondendo-lhe Vara que seria melhor esperar pelo conhecimento público da decisão para começarem a agir. Isto quatro dias antes do acórdão da Relação ter sido assinado por três juízes. A decisão revogou a sentença do Tribunal de Macedo de Cavaleiros que condenou a O2 a pagar 105 mil euros à Refer por enriquecimento ilícito. A prescrição esteve na base da decisão da Relação do Porto, que considerou que quando a Refer recorreu a tribunal já tinha prescrito o direito de ser ressarcida.

O juiz desembargador Cândido Lemos, o relator do acórdão, que realizou o projecto de decisão apresentado aos dois adjuntos, estranha as declarações de Godinho. E diz que não sabe explicar como é que o empresário terá tido conhecimento do resultado do acórdão antes de ele ser assinado. Mesmo assim adianta que o projecto terá sido enviado dois a três meses antes de 9 de Junho, a data do acórdão, aos colegas que integraram o colectivo. "Talvez as partes o tenham consultado no processo. Às vezes até agrafo o projecto à capa do processo para não o perder", afirma Cândido Lemos, que admite conhecer alguns dos arguidos do processo Face Oculta. "Fui juiz muitos anos em Ovar", justifica, ao precisar que conhece Mário Pinho, chefe da Repartição de Finanças de São João da Madeira, suspenso de funções pelo juiz de instrução de Aveiro a semana passada. O desembargador reconhece que já ouviu falar das sucatas de Godinho, mas assegura que não conhece o empresário. » [Público]

Parecer:

Com agentes que parecem ser da Gestapo numa autêntica caça às bruxas numa tentativa desesperada de derrubar Sócrates até é perigoso ser vizinho de alguém conhecido.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Deixe-se o juiz descansado.»

JAVIER SOTO

ACCADEMIA TEATRO ALLA SCALA