domingo, novembro 08, 2009

Semanada

Nesta semana passaram em claro duas datas importantes para os comunistas de todo o mundo, mas por cá todos fizeram de conta que não reparam, os aniversários do nascimento de Leon Trostsky (7 de Novembro de 1879) e os acontecimentos na RDA que levaram à queda do Muro de Berlim, no dia 9 de Novembro de 1989. Os nossos trotskistas esqueceram a dat apara se assegurarem que Trotsky fica tranquilo na campa, se o antigo líder do Exército Vermelho soubesse da concubinagem dos trotskistas portuguesas com os estalinistas locais voltava a morrer , mesmo se a ajuda do agente Mercader. Por outro lado, os comunistas portugueses, para quem esta semana funciona como uma Semana Santa (só resta saber quando será o Domingo de Páscoa do comunismo), sofreram a dor da perda da pérola do comunismo do Leste. Só que a história da RDA cheira mal, os velhos atletas que exibiam a superioridade do comunismo sofrem as consequências do doping, a brilhante indústria da Alemanha Oriental era obsoleta e foi evidente a alegria com que os alemães puseram fim ao “paraíso” que lhe foi imposto.

Por cá, Portugal passou a ter em Pinto Monteiro, uma espécie de Procurador-Geral da República, o líder da oposição, até Pacheco Pereira que habitualmente é profícuo em ideias novas inaugurou a sua presença parlamentar com uma intervenção relativa à Face Oculta como se devesse obediência política ao novo líder. Com o caso Freeport posto a marinar desde que deixou de poder servir para atacar Sócrates o Ministério Público lançou uma mega operação de propaganda e contra-informação ao mesmo tempo que alguém mobilizou a comunicação social desde o primeiro minuto. Pinto Monteiro começa a lembrar-me o presidente da ASAE, este levava os ninjas armados de pistolas para a Feira do Relógio, Pinto Monteiro leva os seus ninjas armados de canetas e câmara de filmar para a feira da política nacional.

O programa de governo nem passou, nem deixou de passar no parlamento, Sócrates lançou novas medidas e a oposição aproveitou-se da agenda política definida por Pinto Monteiro para discutir corrupção, como se nesta matéria houvesse políticos virgens em Portugal. Pouco mudou na miséria intelectual do nosso parlamento e a intervenção de Pacheco Pereira só serviu para se perceber a diferença entre ser pago a peso de ouro pela SIC ou para trabalhar pago pelos contribuintes, Pacheco reservou as intervenções de qualidade para quem lhe paga mais.

Sócrates voltou a cometer o erro de reservar o anúncio de novas medidas simpáticas para as suas idas ao parlamento, a ideia parece fazer sentido mas como estratégia para neutralizar a oposição, mas acaba por se virar contra o primeiro-ministro. Faria mais sentido Sócrates anunciar as medidas fora do parlamento (desde que não se faça acompanhar de figurantes seleccionados com recurso a um casting) e reservar as suas intervenções parlamentares para falar de políticas para o futuro. Ao divulgar as medidas no parlamento sujeita-se aos constrangimentos do tempo disponível para as intervenções e dá a oportunidade à oposição para as desvalorizar. Por outro lado perde a oportunidade de confrontar a oposições com a sua ausência de projectos para o futuro.