Alguém conheceria um tal senhor Palma se não fosse José Sócrates? Afinal, foi graças ao caso Freeport que o mesmo Cavaco Silva que nunca recebeu os sindicalistas dos professores ou que qualquer outra classe profissional acabou por convidar o senhor Palma para dois dedos de conversa durante os quais sempre tirou uns nabos da púcara sobre as famosas pressões sobre os investigadores, um famoso caso que deu lugar a um processo disciplinar de quem já ninguém fala ou quer falar.
Até dentro do PS quem quer dar nas vistas fala mal do Sócrates ou critica as suas decisões ou opções, dizer mal do combate à corrupção quase ia proporcionando ao Engenheiro Cravinho a Nobel da Paz, bastou à euro-deputada Ana Gomes mandar uma boca sobre o enriquecimento ilícito para ser notícia de primeira página no domingo. Imaginem quantos cartazes um militante anónimo do PS tem colar pelas paredes desse país fora na esperança de algum dirigente reparar nele, em contrapartida, bastou à Ana Gomes mandar uma bojarda para ter mais tempo de antena do que o saudoso Tino de Rãs, o calceteiro do Porto que ficou famoso por ter desmontado a teoria das quotas. Aliás, não cota político do PS que não ressuscite mandando umas bocas contra Sócrates, Manuel Alegre foi o caso extremo, falar mal de Sócrates rejuvenesce-lhe mais a carreira política do que o Pitralon lhes dá brilho capilar, Sócrates é mesmo o L’Oréal da nossa classe política.
Ainda por cima Sócrates tem muito por onde pegar, não tem um doutoramento em Londres nem pode ajudar a economia portuguesa como tem feito Cavaco Silva com os seus vastos conhecimentos de economia, nem os seus amigos são cidadãos exemplares como o amigo Fernando Lima com que Cavaco conta para as tarefas difíceis, ainda por cima a namorada puxa mais pela imaginação do que a Dona Maria. Um ministro que usa sapatos Prada, que é amigo de Armando Vara, que tem uma namorada jeitosa, que tem fotografias de jovem onde posa com ar de parvo, que tem uns dinheiritos, que se baldou na universidade, enfim, que tem todos os defeitos e mais alguns, até chá lhe chamaram bicha, está mesmo a pedi-las.
O resultado está à vista, político em decadência ganha anos de vida falando mal de Sócrates, líder da oposição, derrotada, acabada e à beira de ser enterrada tem orgasmos parlamentares falando mal de Sócrates, até o Louçã que tinha perdido a graça desde que começou a pôr condições para aceitar primeiro-ministro retomou a alegria e até já faz piadas com as previsões Aztecas.
Sócrates é mais do que um abono de família para uma boa parte das nossas personalidades, é uma autêntica fonte de rendimento o que no caso de alguns comentadores televisivos até é literalmente verdade. Por este andar quase proponho que falar de Sócrates passe a pagar IRS. Quem quiser ficar famoso, subir na vida, garantir mordomias corporativas, pagar menos contribuições sociais, subir na hierarquia do Público ou do grupo Sonae, conquistar a simpatia de Balsemão, ter quem o defenda na hora da avaliação do Conselho Superior de Magistratura, não deve ir à bruxa e muito menos ir ao professor Bambo ou mesmo consultar a astróloga Maia. Falar mal de Sócrates é a cura para a maior parte dos males de que sofre muita gente, desde a classe política até aos magistrados.
Pelo sim pelo não, não vá o diabo tecê-las, até eu lhe vou rogar uma praga dos cuicos de Monte Gordo: “havia de lhe dar uma dor de estômago que quanto mais doesse mais corresse, quanto mais corresse mais doesse e que quando parasse arrebentasse”. Esperemos agora que algum jornalista me convide para abrir o telejornal ou que o Belmiro me convide para um alto cargo no seu grupo, de preferência com vista para o mar de Tróia. Se fosse militante do PSD com uma praga destas quase tenho direito a ir para presidente da distrital de Lisboa do PSD e se conseguisse comprar mais uns votos ainda ia a ministro de um próximo governo de Ferrreira Leite.
