Perante uma audiência de gestores e convidados que puseram a sua melhor cara de atenção e admiração, Cavaco falou à audiência privilegiada e, através das televisões, ao país e deu a sua primeira lição de economia, como se de uma prova doutoramento se tratasse. E disse aquilo que até o dono da pequena mercearia da esquina, ainda que a este ninguém desse ouvidos, que o país deveria apostar nas empresas exportadoras. Ora aí está, Cavaco apontou a solução para o país e como portugueses idiotas e ignorantes deveremos ficar-lhe grato, o que seria de nós se o país não tivesse um Presidente tão sabedor nesta difícil arte da economia!
O que eu mais aprecio em Cavaco Silva é a sua capacidade para encenar aquela postura presidencial, um misto dês estátua grega e de um cartaz do Restaurador Olex, para dizer banalidades que com o respeito pela instituição da República todos devemos ouvir com a maior atenção e ir abanando a cabeça como se fossem meninos que pela primeira vez tivessem entendido a tabuada dos nove.
E como se não bastasse Cavaco ainda acrescentou que há muito que o anda a dizer, isto é, não só diz uma banalidade como insinua que os governos e os agentes económicos dêem ser uns idiotas que não lhe tê dado ouvidos. Aliás, Cavaco Silva tem este tique (seria bom se só tivesse este) de sempre que diz algo acrescentar que há muito tempo que o diz. Talvez seja tempo de se produzir o livro das citações banais do grande líder Cavaco, assim os portugueses não teriam de fazer a figura triste de evidenciarem ignorância quando o poderiam evitar se tivessem ouvido com a devida atenção o que Cavaco já disse ao longo dos muitos anos que este país o anda a aturar.
Agora teremos de esperar a segunda lição de economia dada por Cavaco Silva para percebermos como se consegue apostar mais nas empresas exportadoras, ao ritmo a que ele cumpre as suas promessa eleitorais está-se mesmo a ver que um dia o Presidente da República vai dizer-nos que se queremos saber um pouco mais de economia os portugueses terão de votar outra vez nele.