Ainda estávamos em 2017 e à falta de ideias os partidos da direita, com o CDS liderado pela espalhafatosa Assunção e o PSD ainda a marcar passos, desencadearam uma campanha acusando o governo de eleitoralismos em … 2019. A campanha teve tanta importância que até Marcelo Rebelo de Sousa veio tomar posição sobre o assunto, fazendo avisos ao governo.
Agora assistimos ao momento mais insólito na história da política económica em Portugal, um governo em vez de ser acusado de esbanjar em ano eleitoral é acusado precisamente do contrário, de ser ainda mais rigoroso. O espetáculo é tão divertido que Centeno, que quando andou pela UEC ainda não comia criancinhas, é agora acusado de as deixar morrer nos corredores dos hospitais. Até um administrador hospitalar do Porto, que certamente nunca tinha reparado nos problemas do seu hospital, veio a público, com ar condoído, lamentar o destino das crianças.
A lógica da direita tem a dignidade intelectual da batata, se não pode dizer, mesmo com a ajuda de sumidades como a Teodora, que Centeno falhou o vai falhar, há que o atacar de outra forma, até o Daniel Bessa, outra das nossas sumidades, tentou dar a sua ajudinha, convencido de que os seus dotes intelectuais estão acima do conhecido tubérculo que faz um puré bem melhor do que as papas de mioleira que resultariam do homem que anda há décadas a fazer render o estatuto de “ex-ministro do PS”.
Afinal os sucessos económicos do país não contam, não devem ser elogiados. Antes pelo contrário, devem ser condenados porque são conseguidos porque Mário Centeno, aquele que de tão desastrado levou Passos Coelho às lágrimas da primeira vez que foi ao Parlamento, é um ambicioso, que se for necessário mata criancinhas para ser elogiado em Bruxelas. Agora que não há cativações até o Bloco de Esquerda está preocupado com as criancinhas e pergunta a Centeno o que é mais importante, reduzir o défice ou não deixar morrer os meninos.
Resumindo, a oposição tem alguma graça, dantes acusavam o governo de se estar a preparar para ser eleitoralista, agora dizem que assim não brincam e exigem que o governo se lembre do anúncio do Restaurador Olex, um governo rigoroso e uma oposição eleitoralista não é normal, o que é normal é o governo esbanjar para a oposição poder exigir rigor. A bagunça é tanta que até a deputada Mariana Mortágua se arrisca a contracenar com Rui Rio numa edição atualizada do produto milagroso no tratamento dos nossos problemas capilares.