segunda-feira, abril 02, 2018

O COMPLÔ


Marques Mendes, o homem mais bem informado de Portugal e arredores, precisou de chegar ao dia das mentiras e em pleno domingo pascal do ano santo de 2018 para descobrir que há um complô em torno dos bancos falidos. Dir-se-ia que Marques Mendes esteve enterrado desde a falência do BPN e ressuscitou ontem à noite, no seu tempo de antena da SIC Notícias.

O homem não viu nenhum complô quando os seus camaradas de partido e dos governos de Cavaco Silva fazerem grandes negócios ruinosos e arruinados com o dinheiro fácil do BPN. Também não viu nenhum complô quando o seu agora patrão na SIC Notícias usou a revista do Expresso para apresentar o mesmo BPN como um caso de sucesso na banca. E quando se soube que no meio da desgraça Cavaco Silva ganhou muitos milhares de euros num negócio de ações mais do que manhoso também não reparou em nenhum complô.

Quando Passos Coelho foi fotografado de havaianas na mão ao mesmo tempo que o BES era enterrado, tudo isso depois de o governo ter assinado um diploma sem se reunir, situação bem explicada por Assunção Cristas a quem a Maria Albuquerque telefonou para abrir o e-mail e assinar de cruz, Marques Mendes não deu por qualquer complô. Também não viu qualquer complô quando Passos e a Maria Luís asseguraram que a resolução do BES não traria custos para os contribuintes. E muito menos quando Sérgio Monteiro foi contratado pelo BdP para ser o caixeiro-viajante encarregado de vender o Novo Banco.

Poderia ter visto um complô na guerra de Ricciardi apoiado por Passos Coelho contra Ricardo Salgado e ter desconfiado de um complô para mudar a liderança do banco, eventualmente a troco da sua lavação, mas não viu. Da mesma forma que não viu nem ouviu o que se falou entre o governo de Passos e a troika a propósito do BES. Provavelmente não acredita em complô porque estará convencido que isso nem foi falado, aconteceu depois e muito de repente.

Agora e como não pode ilibar o seu PSD da situação tenta embrulhar todos num complô, pela forma manhosa como mete tudo e todos no complô até podemos imaginar o Jerónimo de Sousa a ir clandestinamente à Manta Rota, à tal vivenda alugada por Passos de quem ninguém ainda viu a fatura, para arranjar o complô com o finado dirigente do PSD.

O PSD já massacrou o PS tentando esconder as responsabilidades dos seus no caso do BPN, agora que não pode assacar as responsabilidades a Vítor Constâncio, também não as quer atribuir a Carlos Costa, porque sabe que o governador atuou como se fosse um pau mandado de Passos Coelho e da troika. Por isso o conhecido empresário e advogado arma-se em espertalhão e inventa um complô.