segunda-feira, abril 23, 2018

VAI UM BIFINHO, MAIS UMA LARANJADA E UM ARROZ DOCE?

A forma de fazer oposição em Portugal chega a roçar o ridículo. Neste momento de Maria Mortágua a Rui Rio, estão todos unidos contra esse diabo chamado Centeno, que está asfixiando o SNS, matando os velhinhos e forçando as crianças do Porto a serem tratadas nos corredores dos hospitais.
A direita começou por esperar tranquilamente pela vinda do diabo, quando perceberam que o mafarrico não aparecia e o Centeno mostrava resultados, começaram a sugerir que, afina, continuava a haver tanta ou mais austeridade, era-a essa austeridade tão criticada no governo de Passos que era a chave do sucesso.

A partir de então todos os incidentes eram prova da austeridade, se ocorreu um assalto em Tancos foi porque faltou dinheiro para tapar um buraco na vedação. Se os incêndios alastraram foi porque se poupou na proteção civil. Se apareceu a legionela no Amadora a culpa foi da falta de dinheiro para a saúde. Assunção Cristas descobriu, de repente, algo eu sempre houve, as cativações, estava ali a prova, Centeno orçamentava para depois  cortar às escondidas. 

A política orçamental de Centeno era, afinal, uma ilusão, como a velha anedota. O pai ,sem de comer para dar as filhos, punha um ao colo e ia perguntando “comias um bifinho? Ai se comia, respondia a criança. E bebias uma laranjada? Ai se bebia respondia o menino? E comias um arrozinho doce? Ai se com… Quando a criança acabava por adormecer o pai gritava para a mulher “ó Maria traz outro que este já jantou”. São assim as despesas orçamentadas por Centeno, é como se na Saúde houvesse uma espécie de homeopatia à Mário Centeno, os medicamentos são de farinha e só têm o cheiro dos princípios ativos.

Era o argumento perfeito, tão perfeito que nem a Catarina mais a sua ajudante Mariana resistira à tentação de fazerem seus os argumentos da direita, a culpa de tudo era do Centeno. Como o Centeno tinha as costas largas, até o Adalberto descobriu a forma de aliviar a pressão nos debates parlamentares, por ele estava tudo resolvido, o problema é que os processos ficavam a marinar na mesa do Centeno. Institucionalizou-se a prova de que  a culpa era do Centeno.

O pobre do Adalberto, terá percebi que tinha metido os pés pelas mãos e corrigiu, todos eram Centeno, isto é, havia um Centeno bem-sucedido em todos os ministros, todos eram rigorosos. As voltas que um argumento desesperada da direita pode dar, até se transforma em autoelogio coletivo e acabamos por ver uma Maria Mortágua, com aquele ar de freirinha doce, teorizando sobre os males de ser o Centeno a tudo decidir. Ridículo demais para ser verdade.