A primeira estratégia do PSD em relação a Centeno foi a de tentar ridicularizar o novo ministro. Para a história da primeira ida de Centeno ao Parlamento fica a notícia de que Passos riu até às lágrimas. O artista falhado conseguiu um bom desempenho artístico, ainda que dois anos depois tenha saído do Parlamento com vontade de chorar a sério e sem encenações cínicas.
Nem mesmo Marcelo resistiu ao perfume de Mário Centeno e depois de andar a fazer previsões otimistas, antecipando-se sistematicamente aos anúncios do ministro, achou que estava na hora de pegar na palmatória e meter o ministro na linha. Segundo a comunicação social terá chamado Lobo Xavier a Belém e este ter-lhe-á dado a ler os SMS entre Centeno e o Domingos. É um momento insólito na democracia portuguesa, dizer-se que um Presidente a ler mensagens privadas de um ministro, ignorando os mais elementares valores constitucionais. O certo é que Marcelo não desmentiu as notícias.
A mania de tentar ridicularizar Mário Centeno não foi um exclusivo de Passos Coelho. Há muito que é tradição no PSD substituir o debate político sério por tentativas de ridicularizar os adversários, tique que vem dos tempos dessa coisa fina que foi Cavaco Silva, desde então que todas as figuras do PS ou são gays ou são picaretas falantes. Marques Mendes, uma espécie de “garganta funda do regime” meteu-se em cima de um banquinho para parecer alguém e divertiu-se a dizer uma piada nova, que a notícia de que Centeno poderia vir a presidir ao Eurogrupo só poderia ser uma mentira de 1.º de Abril. Viu-se.
Quando não havia como criticar os resultados orçamentais de Mário Centeno alguém se lembrou das cativações, um instrumento orçamental que sempre foi usado. Mas agora era o argumento para acusar Mário Centeno de tdos os males, desde o assalto a Tancos por não haver dinheiro para tapar o buraco na rede, aos incêndios por falte de dinheiro na Proteção Civil, passando pela legionella e tudo o mais que sucedeu. Nem a Catarina Martins resistiu à tentação de se armar em esperta protestando contra as cativações.
O ridículo chegou ao ponto de Centeno começar a ser usado por colegas de Governo quando confrontados com problemas nos debates parlamentares. O Adalberto da Saúde quando confrontado com o atraso num concurso de contratação de médicos foi lesto na explicação, a culpa era o Centeno. Mas como o Centeno soma e segue foi o mesmo Adalberto que assegurou que no governo são todos Centenos, só não explicou se estava a falar dos gostos futebolísticos, da competência ou do rigor orçamental. O certo é que a moda pegou e logo a seguir aparece a Ana Catarina Mendes a dizer que gostara de ver Centeno no próximo governo.