O ritmo do desenvolvimento tecnológico tanto pode resultar num atraso insuperável como num crescimento acelerado. Se no passado o desenvolvimento era uma longa escada em que se tinha de subir todos os degraus, nos dias de hoje é possível queimar etapas. Veja-se o caso do turismo, há vinte anos um crescimento de metade daquele a que se assiste em Portugal implicava um longo percurso e dispendiosas campanhas de marketing, hoje e muito graças à web, um país pode passar a ser moda de um dia para o outro.
Um bom exemplo destes “pulos” é-nos dado pelo setor do calçado, no passado era um sector de mão-de-ibra barata, hoje recorre às melhores tecnologias e requer pessoal cada vez mais habilitado, quer nos domínios tecnológicos, quer no do design. O mesmo sucede com outras indústrias, onde graças ao empreendedorismo de empresários capazes de terem vistas mais longas do que a dos dirigentes empresariais que se preocupam muito com o salário mínimo, assistimos ao mesmo fenómeno.
Outro Fenómeno a que assistimos e do qual Portugal pode tirar partido como poucos outros, é a da grande mobilidade do empreendedorismo. O fenómeno não é novo, sucedeu no passado nos EUA, com a concentração de muitas startups na Califórnia, é agora visível à escala mundial.
Portugal tem condições para beneficiar desta oportunidade única, atraindo empreendedores, empresas e quadros qualificados. Temos qualidade de vida, temos um dos melhores climas dos países do ocidentais, temos boas universidades, temos um ambiente receptivo a estrangeiros. Mas isto não basta, é preciso abordar este problema sem a tacanhez de algumas das personalidades que disseram baboseiras imbecis quando a Google decidiu instalar-se em Oeiras.
É preciso apostar em regiões capazes de criar concentrações de empresas tecnológicas e isso significa infraestruturas nas telecomunicações, a proximidade de aeroportos e estradas, custos acessíveis na habitação e menos oportunismo do sistema bancário, para não falar da matilha de burocratas, advogados e outros que não perdem uma oportunidade para se armarem em proxenetas.