quarta-feira, abril 04, 2018

ORA BOLAS



O velhinho Ford Anglia ficou conhecido pelo “ora bolas”, era muito bonitinho à frente, mas quando se olhava para trás e se via aquele para brisas traseiros obrigava a uma exclamação de desilusão. É mais ou menos o que está sucedendo com a liderança de Rui Rio, durante meses andou a apresentar-se como um bonitinho líder, mas agora que já o vimos de todos os ângulos é impossível impedirmos uma nova exclamação, “ora bolas!”.

Já nem vele a pena falar das suas escolhas desastrosas, da forma menos digna como tratou o líder parlamentar, do espetáculo deprimente proporcionado pela sua primeira escolha para secretário-geral, ou da declaração ridícula do novo secretário-geral assegurando que não tinha medo por ser transmontano. Depois de prometer um banho de ética ao país Rui Rio até parece que teve o direito a abluções, livrando-se das suas nódoas antes de entrar no paraíso de ética que promete.

Mas mais grave do que tudo isto é termos um político que andou dois anos a preparar-se para ser líder do PSD, que ouviu tudo e todos, que até anda a convidar alguma tralha do cavaquismo para preparar um governo sombra e depois de tudo isto reúne o Conselho Nacional para preparar a sua agenda da oposição, e que grandes temas escolhe? Os incêndios do ano passado, a saúde e o Montepio. Só não pegou no assalto a Tancos porque está esclarecido.

Se era para ter esta agenda enquanto líder da oposição mais valeria ter deixado Passos Coelho no lugar ou pedido à Assunção Cristas para entreter  António Costa no parlamento, enquanto ele ia dar mais umas voltas por aí. Nem um temazinho novo, nada que não seja o costume, nem um único problemazinho que resultasse das suas preocupações. Se era para escolher estes três temas para líder da oposição nem precisava de perder tempo com um Conselho Nacional, bastava tirar o logótipo na primeira página de qualquer edição do Correio da Manhã e lá colocar o do PSD.

Prometeu um conselho estratégico e agora anda nos lares da terceira idade e nas unidades de cuidados paliativo da nossa vida política para criar um governo sombra que mais parece a sala de espera de uma consulta de geriatria. Prometeu dar um banho de ética e deu-nos uma banhada. Anunciou uma nova forma de fazer oposição e parece um estagiário do Observador. Ora bolas!