segunda-feira, março 08, 2010

As outras causas do subdesenvolvimento

Os economistas tendem a resumir as questões da economia a variáveis económicas, promovem debates intermináveis entre liberais keynesianos, entre monetárias e neo-keynesianos, para eles tudo se resume a moeda, despesa pública, taxas de câmbio, investimento ou procura.

No caso português toda a gente é capaz de discriminar o que nos impede de crescer, baixa produtividade, baixa qualificação da mão de obra, pouco investimento de risco, excessivo peso do Estado, etc., etc. De tanto ouvir os nossos economistas nas televisões, coisa rara na generalidade dos países, qualquer português dava um bom ministro das Finanças de tantas vezes que ouviu a receita, à falta de conhecimentos bastar-lhe-ia gerir o Estado como se fosse uma “casa de família” e já não faria muitas asneiras.

Mas se todos sabemos o que nos impede de desenvolver o país porque razão este não se desenvolve? A causa é simples, as fortes assimetrias na distribuição do rendimento não só torna os nossos empresários preguiçosos como gera excedentes suficientes para alimentar uma classe de proxenetas que dominam a sociedade portuguesa através dos sindicatos das corporações do Estado, do jornalismo e de uma boa parte da classe política.

Se Portugal gasta mais do que outros países na justiça ou no ensino porque razão se chega ao 12.º ano sem fazer nada ou um bom número de processos judiciais é arquivado por falecimento do arguido ou do queixoso? Se quando Portugal recebeu rios de dinheiros vindos de Bruxelas para a qualificação profissional porque razão a nossa mão de obra continua a ser tão mal qualificada quanto era há vinte anos?

O país, começando pela própria classe política é refém de um grupo de proxenetas que não hesita em destruir quem lhes ponha em causa os privilégios. Trata-se de gente que substituiu a antiga nobreza medieval e que circula entre gabinetes da magistraturas, redacções de jornais e televisões, sedes de sindicatos e corredores do poder.

Um exemplo? Por maior que seja um sindicato uma mudança de direcção não tem direito a grandes notícias ou a procissão de altas individualidades, isso nem com a mudança da liderança da CGTP sucede. Mas vejam o que sucedeu com a posse da direcção do sindicato dos magistrados do Ministério Público, uma aberração sindical que só neste país tem o peso que tem, um sindicato de quem ninguém ouviu a mais pequena exigência de natureza sindical. As tomadas de posse da direcção deste falso sindicato são notícia nacional, o seu líder é entronado perante a presença da “nata” da sociedade que lhe presta vassalagem? Porque será?

Basta um grupo de quatrocentas ou quinhentas pessoas que vivem muito acima daquilo que produzem para dominar a sociedade portuguesa, são os suficientes para controlar uma boa parte dos sindicatos, da magistratura e da classe política. Depois, é o teatro a que assistimos todos os dias nas televisões, discutem muito, divergem muito, antagonizam muito, mas depois nós ficamnos a discutir as suas diferenças e ele vão para um bar da moda beber uns copos à nossa custa e em amena cavaqueira.

Tal como sucede com a máfia quem os atacar é eliminado, seja através de um processos nascido de uma carta anónima e alimentado com escutas manhosas, de um saneamento ou mesmo da denúncia da identidade de uma pequena voz que os incomode. Esta nova máfia não mata com metralhadoras, masta com telejornais, machetes de jornais e processos judiciais e ainda se escondem atrás de bons princípios da justiça, da democracia ou da liberdade de imprensa.

Não há keynesianismo ou liberalismo que nos salve enquanto o país não se libertar ou, pelo menos, a não dar ouvidos a estes proxenetas.