terça-feira, março 16, 2010

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

Chapim-de-poupa [Parus cristatus] na Praia do Cabeço, Castro Marim

IMAGEM DO DIA

[Beawiharta/Reuters]

«PLAYING DRESS UP: A child in costume had lipstick applied before a ritual ceremony to welcome Nyepi, Bali’s Day of Silence and the Hindu New Year, in Jakarta, Indonesia, Monday. The Hindu New Year falls on Tuesday this year.» [The Wall Street Journal]

A MENTIRA DO DIA D'O JUMENTO

O Jumento apurou que nas próximas eleições legislativas o PSD trocará os financiamentos da Somague tendo optado por uma parceria com a Corticeira Amorim. O grupo corticeiro vai mesmo lançar uma nova gama de rolhas especialmente dedicada ao PSD publicitando-as com a frase "com rolhas Amorim não há militante que não diga que sim".

JUMENTOS DO DIA

Paulo Rangel, Aguiar-Branco e Pedro Passos Coelho

Toda a gente sabia que Santana Lopes tinha proposto alterações nos estatutos, era do conhecimento público e de todos os congressistas do PSD a intenção de penalizar quem fizesse uso da liberdade de expressão contra a direcção política do partido. Assim sendo a posição dos três candidatos à liderança do PSD de condenação a posteriori de uma decisão do congresso em que estiveram presentes não passa de pura hipocrisia.

A conclusão a que chegamos é a de que os três candidatos à liderança do PSD, que tiveram a oportunidade de intervir por duas vezes no congresso, ou só lá estiveram para intervirem como se estivessem num comício ou, pior ainda, não tiveram a coragem de perder votos de militantes do PSD ousando intervir em defesa da liberdade de expressão.

Como poderá uma democracia confiar em líderes políticos que na hora de defenderem a democracia ficam calados com receio de perderem votos nas directas? A verdade é que só se manifestaram contra quando confrontados com os jornalistas e perceberam a grande asneira que tinha sido feita. Terá o delfim de Manuela Ferreira Leite votado contra? Acredita quem quiser.

«O congresso extraordinário do PSD culminou ontem com a aprovação de uma regra que penaliza até à expulsão quem contestar as opções e as directrizes das lideranças do partido no período de dois meses antes de qualquer acto eleitoral.

A proposta era de Santana Lopes e obteve 352 votos a favor, 76 contra e 102 abstenções. Sem polémicas durante a votação, as novas sanções, que já foram apelidadas de ‘lei da rolha’, só foram contestadas após o debate pelos três candidatos à liderança. Antes, imperou o silêncio.» [Correio da Manhã]

O REGRESSO EM FORÇA DO CASO FREEPORT

Há uma semana que se tornou evidente que o caso Face Oculta já tinha sido espremido até ao limite e que a estratégia golpista era adiar o mais possível a conclusão do caso Freeport, pelo desastre que isso significaria para o Ministério Público e para o PSD. Não é de estranhar que agora apareçam papelinhhos que estavam esquecidos no funda da gaveta a aguardar nova oportunidade, é preciso manter a pressão, tanto mais que as sondagens revelam que os portugueses não acreditam na justiça, e têm boas razões para isso.

O objectivo dos magistrados ficou claro nos ataques que têm vindo a ser feitos ao Procurador-Geral da República, querem que Sócrates seja constituído arguido a qualquer custa, derruba-se primeiro e apura-se a culpa depois.

JÁ PERCEBI

O PSD adoptou a lei da rolha para poder ser mais eficaz na defesa da liberdade dos portugueses, um pouco como já tinha feito Manuela Ferreira Leite quando sugeriu a suspensão da democracia durante uns meses para lhe resolver os problemas.

O PSD de Sá Carneiro deu lugar a um rebanho de carneiros acéfalos que já nem conseguem medir as consequências daquilo que votam num congresso.

SIMON & GARFUNKEL: "THE SOUND OF SILENCE"

A música que neste tempo de rolhas dedico aos militantes do PSD (versão legendada).

PSD, MR. HYDE, PSD, DR. JEKYLL

«Um dia, Manuela Ferreira Leite disse, fazendo ironia (e eu aqui defendi-a, então, porque lhe soube ler a ironia), que era preciso suspender a democracia no País por seis meses. Sem ironia, agora ela defende coisa menor: suspender, no partido, as críticas ao líder nos 60 dias anteriores a eleições. Por exemplo, Pacheco Pereira não poderá, se lhe der na gana, como já deu, pôr as setas do PSD ao contrário no seu blog. No partido dos tenores contra o líder (Pacheco Pereira contra Menezes, Santana Lopes contra Marcelo, Marcelo contra quase todos...), o crime de lesa-majestade! Ao proibir essas críticas, o congresso prometeu ao próximo líder - Coelho, Rangel ou Aguiar-Branco, quem for - a honra de ser Kim-Il-sung durante 60 dias. É caso para pôr Zita Seabra a suspirar: "Posso ter saído do PCP, mas o PCP veio atrás de mim..." Tudo nesta decisão é tolo. A começar por ter sido apresentada por Santana Lopes, com o seu longo historial de morder canelas aos líderes. Mas, sobretudo, surpreende ser no PSD. Ontem, lendo dezenas de opiniões (como hoje a Internet me permite), a indignação era quase unânime entre gente simpatizante do PSD. Para um partido acossado pela necessidade urgente de resultados práticos, esse sobressalto por uma ideia, a liberdade de expressão, só o honra. » [Diário de Notícias]

Parecer:

Por Ferreira Fernandes.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

MEDIDA INSÓLITA NO CONGRESSO DE MAFRA

«Ontem, o congresso do PSD decidiu institucionalizar o delito de opinião. A proposta de um ex-presidente do partido, Pedro Santana Lopes, foi aprovada em Mafra e prevê a aplicação de sanções - que podem chegar à expulsão - a quem, nos 60 dias anteriores a um acto eleitoral, diga mal da direcção do PSD. "Acho bem", comentou Manuela Ferreira Leite, a líder cessante. Ao mesmo tempo, Pedro Passos Coelho, Paulo Rangel e José Pedro Aguiar-Branco demarcavam-se (e bem) quase de imediato desta decisão.» [Diário de Notícias]

Parecer:

No Editorial do DN.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

AINDA NÃO DESISTIRAM DO GOLPE DE ESTADO

«O nome de José Sócrates estará referido num documento manuscrito, da autoria de Rick Dattani, adjunto de um dos administradores do Freeport, avança o jornal «Correio da Manhã» (CM). De acordo com o diário, além do nome do primeiro-ministro, o papel refere também os nomes do ministro Pedro silva Pereira e do antigo secretário de Estado do ambiente, Rui Gonçalves.

O documento manuscrito tem alusões ao pagamento de subornos no valor de 2,2 milhões de euros e terá sido feito em Dezembro de 2002, na sequência de uma conversa entre Dattani e Charles Smith. De acordo com o CM, o adjunto do administrador do Freeport admitiu a autoria do documento, mas disse que não houve lugar a pagamentos. » [Portugal Diário]

Parecer:

Há dias que era evidente o abandono do caso Face Oculta e o regresso ao caso Freeport.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se aos investigadores se só vão concluir o caso Freeport depois de derrubarem o governo.»

E AGORA?

«O Ministério Público (MP) constituiu arguido José António Chocolate Contradanças, vogal do Conselho de Administração da Indústria de Desmilitarização e Defesa (IDD), no processo "Fa-ce Oculta", alegando que este terá facilitado a entrada de Manuel Godinho num concurso promovido por aquela empresa para a recolha de sucata. Mas a Inspecção-Geral das Finanças (IGF) fez uma auditoria à empresa e concluiu que o concurso cumpriu os requisitos legais. Os indícios contra José Contradanças deverão ser arquivados.

Segundo o relatório da auditoria, a que o DN teve acesso, a IDD enviou, em Junho de 2009, a várias empresas um anúncio/convite em que informava ir alienar um conjunto de materiais inertes nas melhores condições de mercado. Mas, segundo o MP, Chocolate Contradanças terá sido contactado por António Paulo Costa, da Petrogal, a pedido do empresário de Ovar, para que este recebesse também um convite e lhe favorecesse a adjudicação daquela alienação. Contradanças terá proposto a Godinho que enviasse à IDD uma carta de apresentação. Terá sido assim que a O2, do empresário de Ovar, recebeu o tal anúncio/convite. » [Diário de Notícias]

Parecer:

Agora os senhores do Ministério Público deveriam apresentar um pedido de desculpas e serem processados pelos danos causados.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Exija-se o pedido público d desculpa por parte do Ministério Público.»

EXPULSAR MILITANTES É, AFINAL, UM TIQUE CAVAQUISTA

«Mal foi aprovada, a sua proposta de alteração de estatutos começou a ser chamada de "Lei da Rolha". O que quer que eu faça?!

Se dissesse o que me apetecia... mas não posso. Temos de ter paciência. Cavaco Silva, quando era líder do partido, também expulsou Francisco Sousa Tavares, Rui Oliveira Costa e Helena Roseta. Foi muito chato, mas nunca mais lá voltaram. » [i]

Parecer:

Se Cavaco expulsou então isso significa que assim deve ser.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»

DURÃO BARROSO ESTÁ A METER-SE ONDE NÃO É CHAMADO

«O presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, considerou hoje, segunda-feira, o Programa de Estabilidade e Crescimento um documento "credível" e apelou a um consenso nacional "tão vasto quanto possível".

"A nossa primeira análise confirma que se trata de um documento credível. Esperamos agora que seja posta determinação na sua execução e que haja um consenso tão vasto quanto possível nessa mesma execução", declarou Durão Barroso aos jornalistas, no final de uma sessão sobre o Tratado de Lisboa.

"Para reforçar a credibilidade do Programa é importante que se saiba, nomeadamente no plano internacional, que aquelas medidas não são apenas da vontade deste ou daquele Governo, deste ou daquele partido, mas que são medidas apoiadas no esforço nacional", acrescentou.

"No momento económico e financeiro como aquele que vivemos, para a execução de um programa deste tipo é vantajoso que haja um determinado consenso nacional, tão vasto quanto possível".» [Jornal de Notícias]

Parecer:

Não cabe ao presidente da Comissão Europeia, mesmo sendo um português, a apelar a grandes maiorias ou a sugerir como as medidas de política interna deverão ser adoptadas.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se a Durão Barroso que respeite a soberania dos estados-membros, incluindo Portugal.»

MINISTRO ALEMÃO DEFENDE EXPULSÃO DA ZONA EURO DOS QUE NÃO CUMPREM

«"Temos necessidade de regras restritas, o que quer dizer, que em último recurso, temos a possibilidade de retirar da zona euro um país que não coloque em ordem a suas finanças”, defendeu Wolfgang Schäuble em entrevista ao diário alemão Bild Zeitung. “Esta perspectiva só por si assegura uma nova disciplina”, notou.

O ministro do governo alemão liderado por Ângela Merkel sustentou que há necessidade de criar um Fundo Monetário Europeu, no quadro das regras que orientam os 16 países da zona euro, pois o Pacto de Estabilidade e Crescimento não é suficiente para fazer face à crise. “Temos necessidade de um FME que imponha regras mais firmes, pois o PEC não é suficiente”, defendeu Wolfgang Schäuble.» [Público]

Parecer:

Tem razão.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Reveja-se o pacto de estabilidade.»

ANDREY SHERSTIUK

GREEN DOT NORWAY