sexta-feira, março 19, 2010

Se o PSD fosse uma empresa

Se o PSD fosse uma grande empresa estaria mais mal vista junto das empresas de rating do que a economia portuguesa, aconselharia os investidores a não apostarem nela seguindo os passos dos seus principais accionistas. Quem investiria numa empresa em que “accionistas” como Marcelo Rebelo de Sousa e Rui Rio não investiram, deixando o seu futuro a figuras menores? Quem apostaria numa empresa em que os candidatos à sua liderança nem se dão ao trabalho de saber o que é decidido na sala onde estão sentados?

Se o PSD fosse uma empresa teríamos de concluir que não tinha estratégia para concorrer no mercado, limita-se a esperar que alguma intempérie derrube os seus concorrentes, é uma empresa sem projecto, sem objectivos e sem programa. Alguns dos seus fundadores já nem se dão ao trabalho de participar nas assembleias de accionistas e os que lá vão ou ficam calados ou fazem os discursos da praxe. Nem mesmo os seus quadros mais activos, como Pacheco Pereira, se dão ao trabalho de intervir, limitam-se a esperar pelo fim da assembleia para se porem na fila dos entrevistados pela comunicação social.

O PSD já deixou de ser uma grande empresa com uma estratégia, um programa e a ambição de liderar o mercado, sem liderança perdeu a confiança do mercado, está em desintegração, é como se o Continente tendesse a ser uma cadeia de mercearia. Em dez anos o PSD não produziu uma única ideia nova, não deu à luz uma nova geração de gestores, não renovou a imagem do produto, a sua marca faz lembrar as velhas máquinas de costura Singer.

Se o PSD fosse uma empresa estaria a um passo de ir para a galeria das velhas marcas como a Grundig, a Rover ou a Farinha Amparo, ainda só sobrevive no mercado porque uma geração de líderes que já morreu para a vida política portuguesa insiste não se deixar enterrar. Os actuais candidatos à liderança ou já nasceram velhos ou aparecem apadrinhados pelos habituais cadáveres do PSD.

O PSD é hoje um partido à beira da falência, prisioneiro da longevidade política de um grupo de dirigentes que ainda não percebeu que depois de terem governado, enriquecido e envelhecido devem dar o lugar a uma geração com ideias e ideais novos, não a herdeiros cuja que continuam a sonhar com velhos slogan e que só tiveram a coragem de concorrer à liderança do PSD quando se asseguraram do apoio da velha guarda.

Em dez anos o PSD foi incapaz de atrair jovens, de renovar o seu programa e de se encontrar ideologicamente, preferiu viver da tralha cavaquista, apostou em dirigentes segundo a lógica das apostas em cavalos de corridas e insistiu em disfarçar a coligação de direita que o alimenta sob o disfarce da social-democracia.

Tal como as empresas que não souberam transformar-se e ficaram sem mercado ou foram absorvidas por outras empresas, o PSD arrisca-se também a ser vítima da teimosia cavaquista e deixar de fazer sentido enquanto partido político nacional.