sexta-feira, março 26, 2010

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

Janelas em Belém, Lisboa

IMAGEM DO DIA

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[Madaree Tohlala-AFP/Getty Images]

«Thai villagers hang their birds up as they gather for a bird-singing contest in the southern Thai province of Narathiwat. Thousands of bird owners from Thailand and neighboring Malaysia took part in the one-day bird-singing contest. » [The Washington Post]

JUMENTO DO DIA

António Costa e José Sá Fernandes

O agitprop promovido pelo Zé nos tempos em que era vedeta da extrema-esquerda ficou-nos por 18,1 milhões de euros, montante que os lisboetas vão ter de pagar pelas suas providências cautelares que apenas tiveram como consequência a sua fama e o atraso das obras. Só não nos ficou mais caro porque muitos comerciantes da zona optaram por suportar os prejuízos que lhes foram infligidos, se Portugal lhes proporcionasse as mesmas facilidades com que o Zé andou a brincar à cidadania a factura seria bem maior.

Portanto, o Zé é o político mais caro do país, a sua ascensão ao estrelato político custou 18,1 milhões de euros aos contribuintes, mais um pouco e um vereador de Lisboa custava mais do que o Presidente dos EUA.

Nos últimos dias a CML tem sido notícia pelos seus grandes investimentos na qualidade de vida dos Lisboetas, um milhão e tal de eruos para reparar alguns dos milhares de buracos nas estradas e passeios da capital e mais uns trocos para investir na biodiversidade que tanto preocupa o Zé. É pena que António Costa tão tenha organizado uma mega cerimónia de entrega do cheque ao consórcio CME/Tâmega, até deveria fazer-se fotografar ao lado do Zé com uma reprodução gigante do cheque de 18,1 milhões de euros.

Mesmo assim devemos ficar gratos a António Costa, graças a ele a autarquia ainda poupou 6,5 milhões de euros, senão as brincadeiras do Zé ter-nos-iam custado 24,6 milhões de euros!

O JORNAL"i" ESTÁ À VENDA

Com "grandes repórteres" como um tal Paulo Pinto Mascarenhas que usa a primeira página para identificar blogger não admira que não hajam compradores, faria mais sentido vendê-lo à Renova, talvez desse para fazer papel higiénico para monárquicos da extrema-direita.

Pelos vistos O Jumento sobreviveu ao "i" como há-de sobreviver às diatribes de alguns pequenos jornalistas da praça.

CRÓNICA MUNDANA

«Em 1969, eu fui rico e vivia em Paris. Rico, apesar de "sem papéis", como eu já me habituava a dizer porque sem documentos. Eu tinha um ritual, cada dia, que se repetia por três vezes: entrar numa loja de produtos finos e escolher uma iguaria. A loja chamava-se boulangerie e a escolha era uma baguette. As lojas eram distantes, para eu passear a sorte de viver Paris. E o ritual era espaçado, para eu gastar lentamente a minha fortuna. Não sei o preço do metro de ontem, sei que, há 40 anos, pagava 0,55 cêntimos de franco pela baguette. O francês coloquial ensinou-me que baguette se diz de qualquer varinha, como em baguette magique, mas para mim mágica era aquela baguette que me era estendida depois de a padeira me cantar um "bonjour, messieurs-dames!", mesmo quando eu entrava sozinho na loja. Saía com os meus 65 centímetros de felicidade que tinham uma côdea que merecia a magnífica palavra de "croustillante". Eu tinha a noção exacta da jóia que eu possuía, por três vezes, cada dia, na bela cidade. Nunca fui tão rico. Continuando esta crónica mundana, lembro que, esta semana, Djibril Bodian, de 33 anos, foi eleito o maior ourives do mundo: faz as melhores baguettes de Paris. "Tão francês como o meu pão", diz agora, Djibril tinha seis anos quando chegou do Senegal. » [DN]

Parecer:

Por Ferreira Fernandes.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

PRIVATIZAR OS CTT?

«Ora porque ainda detêm uma grande rede de lojas, algumas abertas dada a responsabilidade social que a empresa assume, e porque há ainda muitos dos seus utilizadores que não prescindem de uma boa e saudável passeata até ao balcão dos correios, os CTT ganharam valor que está a ser explorado, mas que pode naturalmente ser ainda mais explorado por quem tem uma orientação muito forte para o mercado e não quer desenvolver, com custos elevados, uma rede de balcões.

Privatizar os CTT não é pecado nem pode ser visto como um atentado às funções do Estado. Hoje é mais importante o correio electrónico do que o correio tradicional e até neste segmento, quando se trata de correio expresso ou especial a iniciativa privada faz muito bem. Não é por ser privado que se coloca em risco a independência do Estado. Não é por ser privado que o serviço pode piorar. Aposto que para a maioria dos portugueses o choque da notícia de "vamos privatizar os CTT" não está no facto em si. Está sim no hábito de os vermos como nossos, descobrindo até que ponto nos levaram à ruína, para termos de vender os CTT. Ficamos com a sensação de uma ida "ao prego".» [DE]

Parecer:

Por João Duque.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

DESPEDIDAS

«Anteontem fui despedido da revista GQ, pelo director e meu amigo, Domingos Amaral. Custou. Em dinheiro e em amizade. Fiquei mais pobre mas mais amigo do Domingos. Que é coisa difícil; já que sempre simpatizei com ele e ele e eu tratámo-nos sempre com a amizade e a delicadeza que são exageradas porque não custam.

O Domingos telefonou-me. Estava aflito. Eu, sempre que fui director, evitei sempre ser o mensageiro de más notícias. Sou um cobarde. Ser cobarde é o contrário de ser bondoso. A GQ é uma grande revista e a Cofina é uma grande empresa, que honra o jornalismo e aposta corajosamente na imprensa. Vivemos num vale de lágrimas para a imprensa, que não há-de passar. Fui despedido três vezes. Duas dessas três - do Expresso, graças a José Cardoso, e da revista GQ, graças a Domingos Amaral - percebi, pela humanidade e amizade do Zé e do Domingos, que a culpa nem era minha nem deles; nem dos proprietários nem das agências de publicidade.

Já do Diário de Notícias fui despedido por escrito. Apesar de ter mudado a direcção, custou um bocadinho. Faltou uma palavrinha. Vi George Clooney no filme Nas Nuvens sem conseguir esquecer-me disso. Foi o castigo pela minha própria cobardia no despedimento de colaboradores. Nunca tive a coragem ou a humanidade que tiveram o Zé e o Domingos. Nem sequer a decência de escrever uma carta, como fez o Diário de Notícias.

Cheira-me que ainda não paguei o preço e que a minha taxa de retorno de karma ainda é muito baixa.» [Público]

Parecer:

Por Miguel Esteves Cardoso.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

MAIS UMA A ANDAR POR AÍ

«A poucos dias de deixar de ser líder do PSD, Manuela Ferreira Leite deixou ontem uma mensagem de despedida aos militantes. Num vídeo com um minuto e doze segundos, Ferreira Leite sublinha que teve uma "tarefa exigente, mas gratificante" e que apesar de deixar de ser presidente social-democrata garante: "Deixarei de ser presidente do partido, mas continuarei ao vosso lado na defesa dos nossos valores e ideais". Ou seja, Ferreira Leite não se reforma e já disse que quer cumprir o seu mandato de deputada.» [Correio da Manhã]

Parecer:

Um ordenadito a juntar às pensões só para estar sentada e ver a internet no computador não é um mau negócio.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se ao PSD que instale na sua sede da Lapa um centro de dia para a terceira idade.»

AZAR

«Muito dificilmente os tribunais poderão negar à Comissão de Inquérito (CPI) ao negócio PT/TVI os documentos do processo "Face Oculta", nomeadamente as certidões que incluem escutas do ex- -administrador da PT, Rui Pedro Soares. Porém, as escutas onde intervém o primeiro-ministro, José Sócrates, nunca irão chegar ao Parlamento, uma vez que, legalmente, são inexistentes.» [DN]

Parecer:

Lá se vai a possibilidade de o PSD, com a ajuda do BE, vasculhar as conversas pessoais de Sócrates.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se ao PSD e ao BE que peçam as cópias à Cabrita.»

ALGUÉM QUER O I POR 1 EURO?

«O Grupo Lena, com sede em Leiria, pondera vender os seus activos na comunicação, o mais importante dos quais o diário i, lançado em Maio de 2009, por pro- blemas de financiamento. Dívida da holding ronda os 600 milhões de euros, sendo que, para fazer face aos investimentos com que se comprometeu, necessitará de financiamento de 140 milhões até final de 2011, 46 milhões dos quais já este ano, de acordo com a Lusa.

O presidente executivo do Grupo Lena, António Barroca, confirmou à Lusa que a hipótese de se desfazer do i e dos jornais regionais "tem a ver com a exposição do grupo aos negócios da construção e do ambiente, que exigem recursos muito avultados". E foi claro: "Temos de fazer opções na vida e é isso que estamos a fazer."

O jornal i custará actualmente ao grupo entre 600 e 700 mil euros por mês e a administração estará disponível para cedê-lo aos responsáveis do jornal por um euro.» [DN]

Parecer:

Com ou sem o grande repórter PPM?

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Se for com o PPM sugira-se a venda do jornal à Renova.»

A ANEDOTA DO DIA

«Após cinco meses a correr o País, Castanheira Barros escolheu a sua cidade, Coimbra, para conquistar os últimos votos. O candidato à liderança do PSD decidiu não fazer jantares de encerramento e, em vez disso, passou quatro horas em contacto com militantes através da Internet, pelo Skype e o Messenger. "Quero ouvir as pessoas", disse Castanheira Barros ao DN. "Pergunto-lhes o que fariam se fossem líderes do PSD e respondem-me que o mais importante é unir o partido." Sobre a resolução do PEC, Castanheira Barros disse que partido deve votar contra hoje no Parlamento. O advogado de Coimbra acredita que pode sair vencedor das directas e confessou que encomendou bandeiras para fazer a festa com os apoiantes.» [DN]

Parecer:

Este Castanheira é um cromo, até já comprou as bandeiras para festejar a vitória.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Vote-se no Castanheira!»

FICARAM-NOS CARAS AS BRINCADEIRAS DO ZÉ

«A Câmara Municipal de Lisboa (CML) vai pagar ao consórcio CME/Tâmega 18,1 milhões de euros por causa da paragem durante a construção do Túnel do Marquês. O acordo alcançado entre ambas as partes permitiu à autarquia poupar 6,5 milhões de euros.

Segundo fonte do município, o acordo foi assinado na terça-feira, quase seis anos após as obras no túnel terem parado por causa de uma providência cautelar interposta por José Sá Fernandes, hoje vereador na CML. Entre as irregularidades alegadas pelo advogado encontrava-se a ausência de um estudo de impacte ambiental e de tráfego, a inexistência de consulta pública do processo, a não audição do Instituto Português do Património Arquitectónico e o arranque das obras sem o projecto de execução estar concluído.» [ Link]

Parecer:

Grande Zé!

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se ao Zé se interpôs alguma providência cautelar ao pagamento dos 18,1 milhões de euros ou se, em alternativa, apresentou o seu pedido de demissão.»

O QUE SERIA DE NÓS SEM A MANUELA?

«A líder do PSD anunciou que conseguiu impor alterações significativas na proposta do PEC e que o partido vai abster-se na votação desta tarde, tal como o Económico avançou, viabilizando o documento. » [DE]

Parecer:

Veremos que grandes alterações terá conseguido.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aguarde-se pela divulgação do PEC.»

ALBERTO JOÃO ELOGIA O PEC

«O presidente do Governo Regional da Madeira considerou hoje o Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) "um bom documento" e alertou para a conveniência de partido a nível nacional se habituar a posições distintas dos sociais-democratas » [Jornal de Negócios]

Parecer:

Ou estou muito enganado ou da próxima vez o Alberto João vai sentar-se ao lado de José Sócrates.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Proponha-se uma comissão parlamentar de inquérito para apurar se Sócrates já sabia que o Alberto João ia fazer esta declaração e se o líder regional foi alvo de pressões..»

VATICANO NÃO FEZ NADA CONTRA PADRE QUE ABUSOU DE 200 RAPAZES

«Altos responsáveis do Vaticano – incluindo o Papa Bento XVI – não tomaram medidas contra um padre que abusou de mais de 200 rapazes, noticia o “The New York Times”.

Documentos da Igreja revelam que as autoridades religiosas foram repetidamente avisadas por vários bispos norte-americanos que a ausência de medidas poderia vir a tornar-se num embaraço para a Santa Sé.

O diário refere a existência de correspondência directa trocada entre os prelados de Wisconsin e o cardeal Joseph Ratzinger (agora Papa Bento XVI), que prova que a preocupação central do clero não foi pensar na demissão do padre, mas na forma de proteger a Igreja do escândalo.

O caso, adianta o NYT, envolve o padre americano Lawrence C. Murphy, que trabalhou numa escola de crianças surdas entre 1950 e 1974. Mas este será apenas um dos milhares dos que foram denunciados ao longo de décadas pelos bispos à Congregação da Doutrina da Fé (CDF), dirigida por Ratzinger entre 1981 e 2005.

Em 1996, o arcebispo de Milwaukee Rembert G. Weakland enviou duas cartas a Ratzinger, sem obter resposta. Ao fim de oito meses, o vice da CDF, cardeal Tarcisio Bertone (actual secretário de Estado do Vaticano), deu instruções aos bispos americanos para darem início a um julgamento canónico que poderia levar à demissão do padre Murphy.

Mas Bertone acabou por pôr um travão no processo, depois de o padre ter enviado uma carta de protesto a Ratzinger, afirmando estar arrependido e ter uma saúde frágil, e defendendo que o caso ultrapassava o pelouro da Igreja. “Simplesmente, pretendo viver o tempo que me resta na dignidade do meu ofício”, escreveu pouco antes de morrer. » [Público]

Parecer:

É cada vez mais evidente que a pedofilia era um segredo do Vaticano e que os padres pedófilos foram protegidos.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se ao papa que faça uma penitência.»

A LER NO "DA LITERATURA"

O post "O Mercado":

«A forma como a opinião pública lida com o estado da economia diz bem da confusão que pauta a política portuguesa. Quem ouvir os partidos da oposição, é levado a supor que o desemprego cai para níveis residuais com uma simples mudança de governo. Com Louçã ou Passos Coelho à frente do executivo, o desemprego já era. Disparate do mesmo quilate foi o PS ter prometido (na campanha de 2005) criar 150 mil novos postos de trabalho. A retórica de Paulo Portas vai no mesmo sentido. E assim sucessivamente. Ao mesmo tempo, quem ler jornais e blogues de dente afiado às remunerações de duas dúzias de gestores, fica sem perceber o sentido de voto dos portugueses: anda tudo com saudades da UDP mas, talvez por efeito dos opiáceos, votam Centrão. (Eu também, mas não pretendo que o Estado arranje empregos; nem me incomodam salários altos; preocupa-me, sim, que haja tanta gente no limiar da pobreza.) A que vem o intróito?»

BERTRAND BAUS

EMBRACE LIFE