sábado, setembro 15, 2012

Fascismo de discoteca


Andam por aí uns gajos nas discotecas que de dia eram das jotas e á noite e de volta de uns shots saltava-lhes a língua e as ideias e defendiam abertamente tudo o que cheire a fascismo. Mas como o corporativismo era coisa do passado e com social a mais para os defensores de países quase sem estado, como se uma nação fosse um imenso mercado do Roque Santeiro, em vez de defenderem o corporativismo abraçam o liberalismo extremista.
   
Um dos traços mais característicos destes fascistas de discoteca é a necessidade que sentem de afirmar sistematicamente o seu apego à democracia. Dão uma valente bordoada num grande empresário só porque os ousou criticar mas logo de seguida afirmam o seu amor pela liberdade de expressão e pela democracia. Defendem políticas de redistribuição que para serem concretizadas quase precisam do recurso ao exército, elogiam a imensa resignação do povo, mas defendem estas medidas com o ar pesaroso de quem se está sacrificando para salvar o país e a democracia.
   
Quem os ouve e os compara com Salazar vê neles gente modernaça que deseja o progresso do país, mas que tudo fazem em nome da democracia de que são defensores incondicionais. Mas ao lado de Salazar revelam-se bem inferiores.
   
Salazar tinha a coragem de defender em público as suas ideias sem recorrer a etiquetas de social-democrata ou sequer de democrata, dizia logo que era fascista. Salazar era um homem de inteligência superior de reconhecido mérito académico, os de agora são uma procissão de burros, a maioria deles com cursos que nem nas Novas Oportunidades seriam certificados. Salazar percebeu a importância da classe média e promoveu a sua expansão, encontrou uma Lisboa miserável e nos anos sessenta Lisboa era uma cidade de classe média.
   
Mesmo fascista Salazar tinha preocupações sociais, percebia que havia limites para a espoliação dos mais pobres, sabia que um país precisa de uma previdência social. Os de agora não percebem que sem classe média Portugal teria sido um país comunista no pós 25 de Abril pois não foram os Antónios Borges e os amigos da Quinta Patino que deram o peito na Fonte Luminosa. Não percebem que as conquistas sociais resultantes de anos e anos de processos negociais não se jogam para o lixo com base em leis inconstitucionais e só porque um qualquer Josef Mengele da economia quer fazer uma experiência com os portugueses.
   
Salazar usava a PIDE para impor a sua vontade, Estes usam o medo da troika para assustar os portugueses e de vez em quando vão às instalações da polícia de choque assistir a um simulacro de repressão de manifestantes. Salazar respeitava alguns adversários por quem tinha respeito intelectual, estes vingam-se de todos os que ousem criticá-los, quem se meter com eles vê o seu nome a ser sujo na primeira página do Correio da Manhã.
   
Os portugueses já não vivem em democracia, enfrentam um fascismo de discoteca conduzido por tarados, iletrados, imbecis e cobardes.