sábado, setembro 08, 2012

Umas no cravo e outras na ferradura


   
 Toni reage à austeridade (aditamento)
   
  
   Foto Jumento
 

Moura
   
Imagens dos visitantes d'O Jumento
 

   
Lamego [J. Ferreira]
 
Jumento do dia
  
Nuno Crato
 
Alguém que subsidia turmas das escolas privadas com uma dúzia de alunos e que uma das poucas medidas que até agora adoptou foi aumentar o número de alunos nas turmas do ensino público deveria ter o bom senso de se pronunciar sobre se há ou não professores a mais. É óbvio que Nuno Crato tem uma visão do ensino que fica aquém do defendia o Estado Novo, o que tem vido a promover na escola pública representa um retrocesso civilizacional pois algumas das medidas representam um recuo a valores do século XIX.

É óbvio que para Nuno Crato a escola é para meninos inteligentes, de preferência das classes altas e que tudo o que o país gaste em ensino para pobres é dinheiro mal gasto. Alguém que parece defender desta forma bem pode dizer que despede professores porque estão a mais, despede-os porque considera que gente para ensinar pobres está a mais no país que ele imagina.
 
«Uma semana depois de se saber que 40 mil docentes ficaram sem lugar nas escolas, o ministro da Educação, em entrevista ao semanário Sol, defende que há profissionais a mais e que a "redução de professores é inevitável nos próximos anos", perante a queda de 14% no número de alunos.
   
Contudo, Nuno Crato entende que os números não têm a proporção avançada, porque muitas das pessoas que concorreram já tinham dado aulas pontualmente mas não eram sempre professores. Por outro lado, o titular da pasta da Educação frisa que ainda há vários horários por preencher.» [DN]
   
 A maldade do dia
 
 
 Pobre Mário Nogueira

Quando o Crato chegou a ministro o Mário Festejou.
Quando o Crato fechou escolas o Mário aceitou.
Quando o Crato mexeu nos curriculos o Mário calou.
Quando o Crato aumentou o número de alunos por turma o Mário silenciou.
Quando o Carto despediu quarenta mil professores o Mário acordou e sussurrou.

 Sacanice
 
O que Passos Coelho anunciou para 2013 é a sacanice exigida pelos empresários que têm manifestado o apoio aos cortes dos subsídios dos funcionários públicos, o Estado saca os subsídios a estes cabendo aos privados o direito de sacar os subsídios ao sector privado. Seria interessante saber a opinião do minorca que lidera o BCP, o vice-presidente do CDS que trafica o alcoól da Superbock e outras personagens que acharam que o TC devia ter obedecido ao governo, vão continaur a ser contra o corte dos subsídios no sector privado ou agora que vai directamente para os seus bolsos já são mais aberto à ideia.

A medida anunciada por Passos Coelho é uma sacanice, financia a redução da TSU que vai dar fortunas a grupos como os bancos, a PT, a SONAE, a EDP ou o Pingo Doce à custa dos subsídios dos trabalhadores.

O que Passos Coelho fez foi dizer não ao Tribunal Constitucional mantendo o corte dos subsídios para além de 2012 e aproveitar-se do acórdão para forçar os trabalhadores a financiar uma descida da TSU que desde sempre defendeu. Isto é oportunismo.
 
 E agora Aníbal?

É evidente que Passos Coelho vai desrespeitar descaradamente o acórdão do Tribunal Constitucional, não só inventou uma suposta igualdade entre sectores público e privado com base em falsidades (os empregados na administração do BCP também poderão ter que ir para uma frente de guerra como as Forças Armadas?) como remeteu os pensionistas para o estatuto de cidadãos sem direitos constitucionais pois são desprezados na exigência do respeito pelo princípio da igualdade.

Cavaco não só desrespeita deliberadamente a Lei Constitucional do país ignorando um acórdão do Tribunal Constitucional a cujo respeito está obrigado, como ignora as palavras do Presidente da República.

Perante uma medida inconstitucional só resta a Cavaco Silva duas posições, ou demite um governo que quer governar com medidas ilegítimas e desrespeita a lei fundamental do país de forma deliberada e continuada ou envia o OE para o Tribunal Constitucional antes de o promulgar.

Ou os portugueses confiam nas instituições, ou serão forçados a recorrer a todos os meios para defender uma democracia e os princípios constitucionais que estão a ser ignorados deliberadamente por quem tomou posse jurando sobre a Constituição.

Quando Cavaco Silva tomou posse jurou:

«Juro por minha honra desempenhar fielmente as funções em que fico investido e defender, cumprir e fazer cumprir a Constituição da República Portuguesa.»

Passos Coelho jurou:

«Eu abaixo assinado juro afirmo solenemente pela minha honra que cumprirei com lealdade as funções que me são confiadas.»

Não parece que Cavaco tenha feito cumprir a Constituição quando promulgou o OE para 2012 de olhos fechados, da mesma forma que o conceito de lealdade de Passos Coelho é muito duvidoso num momento em que assume claramente o desrespeito pelo acórdão do Tribunal Constitucional.

 

  
 Pormenores
   
«Europa, fim do terceiro ano da crise da dívida. Com Grécia, Irlanda e Portugal sob resgate, mais o pedido de Chipre, o esperado da Eslovénia e a Espanha e a Itália a caírem ao charco ameaçando arrastar tudo consigo, o BCE lá decide mexer-se. Vai mesmo haver mais dinheiro - aquilo de que Passos jurou a pés juntos não querer nem precisar e que Rajoy exigiu e conseguiu.
   
Sustenham o suspiro de alívio, porém. O mesmo discurso do BCE continua a vincar a necessidade da manutenção dos ajustamentos "estruturais" e da austeridade. De uma assentada, pois, prometem-nos a luz ao fundo do túnel e que não sairemos dele.
  
Vejam-se os números ontem divulgados pelo Eurostat: a Europa está a entrar na segunda recessão em três anos, e Portugal lidera (entre os países que apresentaram números: a Grécia não fez esse favor) com uma contração de 1,2%. Logo atrás vem, com 1,1%, a Finlândia (a tal que não empresta dinheiro aos pobres). Mas a contração portuguesa, diz-nos a cartilha da troika e de Passos, sucede porque ainda não somos suficientemente "competitivos" - ainda gastamos muito em salários que já são dos mais baixos da UE e indemnizações por despedimento, ainda temos duas ou três empresas fundamentais no sector público, ainda não demos completamente cabo da educação e da saúde para todos e ainda não arruinámos a segurança social. Ou seja, ainda não estamos miseráveis o suficiente para "atrair o investimento", mas "vamos no bom caminho", aliás único. Qualquer outro, a começar pelos que passem pelo investimento público, é, como sabemos, o "regabofe". Aliás, foi essa, a via do investimento "com o dinheiro dos outros", "que nos trouxe aonde estamos", não foi?
   
Foi, claro. Não interessa nada se essa era a via ditada pela Comissão Europeia até ao início de 2010 como reação à crise financeira internacional (repetir: isso nunca aconteceu). Ou que um estudo publicado em julho pelo FMI conclua que "retirar o estímulo fiscal demasiado rápido a economias em contração pode prolongar as respetivas recessões sem gerar a esperada poupança. Isto é particularmente verdadeiro se o ajustamento fiscal está centrado em cortes no investimento público (...) e se é de grande envergadura." E termina, como quem faz um desenho: "Ajustamentos feitos de uma só vez (frontloading) durante uma recessão tendem a ter custos muito mais elevados, além de atrasarem a redução da dívida face ao PIB. O que pode exacerbar a desconfiança dos mercados na dívida soberana em tempos de baixa confiança, deitando a perder os esforços da austeridade." Até parece uma descrição do que nos está a suceder, mas é mentira de certeza. Só pode: íamos lá ter uma clique de iluminados a levar-nos resoluta e cegamente para o fundo, enquanto clamam prisão para quem apostou no investimento público, e, de repente, algures nos próximos meses, anunciarem que tudo o que era mentira passa a ser verdade (e vice-versa) sem nunca, bem entendido, mudarem os culpados? Nããã.» [DN]
   
Autor:
 
Fernanda Câncio.   
    
     
 Uma excelente ideia
   
  
«Tan Chaoyun, que vive em Shenzen, na província chinesa de Guangdong, decidiu tomar a decisão radical de rapar o cabelo aos seus quatro filhos gémeos, de seis anos de idade, em forma de números de 1 a 4, porque estava preocupada com o facto de os professores não os conseguirem distinguir facilmente na sala de aula, adianta o "Mirror".
   
"Os meus filhos são praticamente iguais, até para mim é difícil distinguir uns dos outros", afirmou Tan Chaoyun, revelando que a única diferença entre eles é a forma das pálpebras.» [DN]
   
Parecer:
 
Os nossos ministros também  são tão iguais na imbecilidade e incompetência que Passos Coelho também devia levar o seu governo e ele próprio ao Baieta para os numerar.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»
      
 Obrigadinho ó Ganda Nóia
   
«Marques Mendes acredita que este ano não haverá mais austeridade, mas que no próximo ano poderá haver novas medidas.
   
"Mais austeridade para as pessoas este ano, em princípio, não. Já para o próximo ano eu não diria a mesma coisa. Eu julgo que vai ter de haver alguma austeridade para as pessoas. Eu diria que, face à decisão do Tribunal de Contas, é inevitável", afirmou, na TVI24. O comentador frisou que, além do aumento de impostos, "há outras soluções técnicas".» [DE]
   
Parecer:
 
O país não sabia o que fazer, mas veio o Ganda Nóia e descobriu a pólvora pela segunda vez, o país vai ter que adoptar austeridade em 2013. Resta agora esperar que o Ganda Nóia e outras nódoas polítics que por aí andam peça desculpa aos portugueses pelo falso optimismo que andou a vender.

Mas no dia em o Ganda Nóia achou que devia manipular os que ainda acreditam nessa coisinha com duas perninhas e duas patinhas teve azar, quase à mesma hora que disse não esperar mais austeridade para 2012 soube-se que o Santinho de Massamá iria anunciá-la.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»
   
 GNR falha no casting
   
   
«O comandante-geral da GNR, tenente-general Newton Parreira, exonerou nesta manhã de sexta-feira o comandante do comando territorial de Braga, coronel Francisco Manuel Mota Gonçalves, por o mesmo ter autorizado a participação de militares fardados daquela força de segurança numa encenação teatral, intitulada ‘O Funeral de Portugal’, e realizada no âmbito da Guimarães, Capital Europeia da Cultura.
   
Mota Gonçalves foi chamado ao quartel do Carmo, em Lisboa, depois de nesta quinta-feira à tarde o comando-geral da GNR ter ordenado a abertura de inquérito de averiguações à entrada dos guardas na peça de teatro de rua, pela qual foram pagos de acordo com a tabela de serviços gratificados em vigor na GNR. » [CM]
   
Parecer:
 
Só neste país os agentes da autoridade fazem de profissionais de teatro a título de serviços remunerados, incluindo a representação artística uma sala de tiros usando armas da GNR e munições pagas pelos contribuintes.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»
   
 Janela de oportunidade para a nova administração da RTP
   
«A Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública (CReSAP) teve 23 horas para aprovar a nova administração da RTP: Alberto da Ponte é um gestor com larga experiência noutros sectores, Luiana Nunes é uma "boa" financeira, embora jovem e com curta experiência, e José Araújo é um indivíduo da casa que percebe do negócio. 
  
Para o presidente da comissão, João Bilhim, os currículos dos três gestores da RTP avaliados denotam uma grande complementaridade e potencial, o que pode dar pontos ao futuro da equipa.
   
"O resultado deste grupo pode ser superior ao resultado em termos individuais, porque eles têm um homem da casa que percebe do negócio, uma boa financeira e ainda um indivíduo que não percebendo do negócio é uma mais-valia", defende o responsável.
   
Toda esta avaliação foi feita num prazo recorde. "Recebemos o pedido do Governo às 9h do dia 5 e terminámos a avaliação à uma da manhã do dia seguinte", explicou ao Expresso João Bilhim, presidente da Comissão. Um prazo reduzido, que segundo o próprio, se deveu à polémica à volta do caso e ao interesse de Portugal. 
   
"Nós temos normalmente dez dias para dar um parecer, mas felizmente houve essa janela de oportunidade do nosso lado, dada a imprevisibilidade da situação", explicou João Bilhim.» [Expresso]
   
Parecer:
 
É lindo ver o João Bilhim usar as expressões do regime para caracterizar a sua alta eficácia e ainda vir para a comunicação social elogiar escolhas e auto elogiar-se.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Vomite-se.»
   
 Ao que chegou a luta antoi tabagista
   
«No documento, que este organismo do Ministério da Saúde colocou no seu site, lê-se que "o aumento dos preços dos produtos do tabaco é a principal estratégia para limitar o consumo de tabaco, em particular entre os jovens e os grupos populacionais com menores recursos".» [Expresso]
   
Parecer:
 
A verdade é que a esmagadora maioria dos viciados em tabaco não se consegue libertar da dependência e acabam por ser vítimas do aumento dos impostos. Desta forma os impostos acabam por funcionar como uma condenação por consumo de uma substância que o Estado não proíbe porque tem lucros no seu negócio.

O aumento dos preços, que em Portugal já são brutais são discriminatórios porque atingem de forma desigual os portugueses e promovem o contrabando e o risco de consumo de tabaco adulterado introduzido no mercado pelas redes de contrabando. Estes senhores não estão preocupados com os cidadãos que fumam, parece que desejam sacrificá-los discriminá-los, explorá-los e em última análise matá-los.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Proteste-se contra esta abordagem nazi do tabagismo.»