sexta-feira, setembro 07, 2012

Tô tiste


Estou triste, estou eu e uma boa parte dos portugueses, estamos tão triste que nem o cavalo do D. José consegue resistir a este ambiente de tristeza, o pobre o bicho chora tanto que quem passa pelo Terreiro do Paço em pleno mês de Agosto já vai equipado de chapéu de chuva.
   
Com um governo destes que aumenta os impostos e cobra menos dois mil milhões do que o esperado e agora que pretende recuperar a receita a melhor solução que encontra é precisamente aumentar os impostos aos que ainda pagam?
   
Vejam o coitado do Alberto da Ponte, um brilhante gestor que conseguir pôr os portugueses a beber mais Sagres do que Superbock e que tinha sido promovido a número dois de uma multinacional vês obrigado a regressar ao país para ganhar menos do que o Santinho de Massamá, como é que o pobre homem não pode estar triste? Se ainda, ao menos, ganhasse tanto como o Catroga, mas não, fazer o frete aos chineses rende mais do que fazer de “Ponte” entre o bolso dos portugueses e o bolso da Ongoing.
   
Como é que não se fica triste quando depois de andarmos dois anos entusiasmados com a possibilidade de transformar o país numa imensa multinacional do pastel de nata, até já imaginava o país cheio de bandeiras lusas encomendadas à China, com a esfera armilar substituída pela massa folhada do delicioso pastel e vem agora o sôr Álvaro dizer que não, que já não vamos ser as pastelândia da Europa, agora vamos ser o novo Brasil, ouro na panasqueira, petróleo em Alcobaça, pirites no Alentejo, gás natural ao largo de Tavira. A nossa vocação não é para pasteleiros e outras coisas do género e muito menos enfermeiros na Florida algarvia dos velhos boches, o que nós somos mesmo é mineiros.
   
Compreendo a tristeza do nosso Ronaldo, como não podia deixar de ser o nosso número um, o capitão da equipa da alma lusa, não podia deixar de transmitir ao mundo o ambiente aqui do balneário ibérico, estamos tristes, somo um povo de tristes. Vai-se para professor e acaba-se em aluno da administrativa do centro de emprego, vai-se para enfermeiro acaba-se em auxiliar da mulher a dias, vai-se ganhar dez milhões e aumentam-nos os impostos para o dobro. É mesmo de qualquer um ficar triste.
   
Como se pode ficar alegre se olhamos para Belém e vemos o Cavaco, se olhamos para a RTP e vemos o Relvas, se olhamos para São Bento e vemos o Passos, ficamos tristes da cabeça aos pés, da alma ao aparelho reprodutor, somo um povo triste e sem vontade de fazer filhos.