quinta-feira, junho 28, 2018

BACKUP


Sinto-me um cidadão azarado, ainda há poucos dias pensei ir a Braga na esperança de conseguir uma selfie com Marcelo, agora que qualquer português já ganha quase como brinde por pedir o cartão de cidadão e eu ainda não consegui. Desisti de ir a Braga  e quando vi as imagens de Marcelo a ser levado como um bezerro, a lembrar Cavaco Silva nas comemorações de Portugal e das Comunidades, pensei com os meus botões que a culpa era minha. Se um presidente tão devoto, que treina nas águas frias do Tejo para ser o primeiro a conseguir dar a volta à Antártida a nado, sofre um fanico só porque apanha um calorzinho depois de sair da missa era coincidência a mais.

Mas se um azar é muito, dois três azares já são demais, ainda ontem dei conta da tristeza de nunca ter sido alvo de uma buscazinha em casa, hoje venho queixar-me de não constar da e-Torre do Tombo privativa da Zezinha. Não há neste país cão nem gato que não tenha o seu lugar na imensa torre do Tombo que são os muitos backups conseguidos nos diversos arrastões judiciários que todos os dias são notícias.

Há uns tempo foram dizer boa tarde ao Mário Centeno a propósito de um golo do Benfica e de caminho fizeram um arrastão eletrónico no gabinete do presidente do Eurogrupo, pelo sim, pelo não, não vá um dia destes ser necessário e o backup do ministro lá ficou guardado na e-Torre do Tombo. Daqui a uns séculos os historiadores vão ter a oportunidade de saber que anedotas mandava o Mário por e-mail, se mandava as fotos de gajas que recebia no WhatsApp ou se prometeu mesmo ao Domingues que lhe dava parte da CGD.

Não há ninguém neste país que não tenha já o seu cantinho privativo na e-Torre do tombo, desde o presidente da junta de freguesia da Ilha do Pessegueiro, a clube de excursionistas da Rua do Rato, todos os cidadãos, clubes desportivos, associações de bombeiros, tudo o que mexe tem o seu backup devidamente arquivado. Todos? Não!

Ninguém ainda se deu ao trabalho de vir ao palheiro buscar o Backup para que tenha um lugarzinho na história de Portugal. Como é que daqui a uns anos, quando forem ver o que se passou através dos backups, poderão imaginar que este palheiro existiu durante mais de uma década e meia? Como é que podemos ter esperança de vermos o melhor trabalhador do FCP, o Dragão de Oro do cheio a suor do Porto, denunciar os e-mails do Jumento a gozar com o pinto da Costa.

Se o António Costa não nos vai transferir para o Porto já que o Moreira o ameaçou que se demitiria se o fizesse, como é que o Porto Canal sabe da nossa existência. Ainda na semana passada esteve gente vinda diretamente do Porto para atualizar os backups do Benfica e nem se deram ao trabalho de fazer uma avenida e levavam também o backup do Palheiro. Mas não, nem no Porto querem que sobrevivamos ao encerramento em breve deste arquivo desprezado.