quarta-feira, junho 06, 2018

UMAS NO CRAVO E OUTRAS NA FERRADURA



 Jumento do Dia

   
Vera Guedes de Sousa, extremista 

Para escapar à polémica do cartaz que exibiu frente ao parlamento a estudante de Medicina quer ser criticada por aquilo em que acredita e tem toda a razão, é para isso que serve a liberdade. Mas ela também achou que nós deveríamos saber o que ela pensa e exibiu o seu pensamento de forma clara, acha que os que defendem a despenalização do aborto quererão matar os velhinhos, pelo menos é disso que os acusa no cartaz.

Pode ter sido um erro, um exagero, um momento de descuido, mas não pode agora acusar os outros de se indignarem por os ter acusado de quererem matar velhinhos. Depois de ter sido tão superficial ao dizer o que pensa não pode agora vir acusar os outros de superficialidade. Temos pena, um cartaz que parecia bonito acabou por ser ridículo.

Afina pretendia dizer algo como "não deixem que os velhinhos se matem". Pois, da mesma forma que se preocupa com os velhinhos por serem mais vulneráveis também não nos preocupamos com os estudantes de Medicina por serem os melhor preparados para lerem os cartazes que exibem. Não se percebe o porquê de uma explicação tão longa sobre a eutanásia, o problema está apenas em perceber o que significa "não matem os velhinhos", porque quanto à eutanásia todos sabemos o que é, os fundamentalistas de um lado, os fundamentalistas do outro e os que gostam de refletir sem serem acusados de quererem matar velhinhos ou de os querer torturar com mortes prolongadas.

O cartaz ofendeu muita gente, muitas mais pessoas do que as que a ofenderam, porque a maioria dos que se sentiram ofendidos acabaram por ficar calados. A Vera é que parece querer continuar a sua cruzada.

«Vera Guedes de Sousa, estudante de Medicina, não é a autora do cartaz “Não matem os velhinhos”, mas foi ela quem o segurou, levantou acima dos ombros, aquando da manifestação contra a despenalização da eutanásia, no mesmo dia em que a Assembleia da República chumbou os quatro projetos de lei que pretendiam despenalizar a morte medicamente assistida, no passado dia 29 de maio.

O cartaz em questão tornou-se de tal forma viral que a jovem sentiu necessidade de se defender: num longo texto publicado esta segunda-feira na rede social Facebook, Vera Guedes de Sousa garante que prefere ser criticada por aquilo em que realmente acredita “e não pela imagem totalmente distorcida e ridícula que alguns procuraram criar”.

No post em questão — que poucas horas após a sua publicação já contava com mais de 1.600 ‘gostos’ e 34o ‘partilhas’ — a jovem escreve que a “multiplicidade de respostas que visaram ridicularizar este cartaz e quem o segurava”, de forma por vezes violenta, deixou-a “desolada e surpreendida”. “Apercebi-me da superficialidade e agressividade gratuita com que debatemos temas sociais nos órgãos de comunicação social e redes sociais, talvez porque pela primeira vez senti tudo isto na pele”, continua.» [Observador]

      
 Enfim, uma geringonça!
   
«Ao formarem governo, os socialistas espanhóis deram pretexto a uma comparação, agora bastante repetida entre nós: eis outra geringonça! Comparação errada, se é que se quis dizer que o PSOE conseguiu o mesmo que o PS português. Um partido governar não tendo maioria no Parlamento seria analogia melhor. Mas não é essa a que tem sido usada porque a simples circunstância - governar sem deputados suficientes para fazer sozinho maioria (o PSOE tem 84 eleitos, no total de 350 no Congresso dos Deputados) - já acontecera outras vezes, tanto em Espanha como em Portugal.

Porém, lançar a ideia de "geringonça à espanhola" pode vir a dar aos adversários do governo de António Costa uma vantagem: Pedro Sánchez tem fortes probabilidades de cair antes de acabar a legislatura portuguesa. E, então, lá se recordará daqui a pouco: a dos vizinhos já foi, agora só falta a nossa... Assim, a atual exportação do termo permitirá a chicana política que se pretendia que tivesse a invenção da "geringonça" por cá, mas nunca teve, ao ponto de os protagonistas dela, o PS, o PCP e o BE, a assumirem como uma alcunha simpática.

A palavra, lembro, foi inventada por um cronista, Vasco Pulido Valente, tão bom de frases límpidas quanto é desacertado em batizar políticas e políticos. Um dia, ele chamou a António Guterres "picareta falante". Ora, a imagem daquele que viria a ser secretário-geral da ONU indiciou sempre mais um político de falar cauteloso, aborrecido até, do que o violento e incisivo que a ideia de picareta fazia supor. Também foi de Vasco Pulido Valente o cunhar da "geringonça" para o governo PS, apoiado pelos comunistas e bloquistas. Ora, geringonça é aquilo que é mal-amanhado e precário. A imagem foi lançada logo a seguir a Costa ter chegado a São Bento e só aí poderia ter algum sentido, como previsão. O tempo tornou-a tola. Porque ela durou (provavelmente pela legislatura toda); e sobretudo pelo evidente benefício político que a geringonça trouxe ao país. Obrigou dois partidos, PCP e BE, que tinham sequestrado o voto de um terço dos portugueses, a responsabilizarem-se pelo governar e não só a dar bitates...

Outra coisa é o governo do PSOE, um remedeio, não mais, para Sánchez chegar ao poder. Ele foi só possível com o apoio de forças centrífugas e independentistas, do País Basco e da Catalunha, e vai ser curto. Em Espanha, sim, está a acontecer uma geringonça, coisa mal--amanhada e precária.» [DN]
   
Autor:

Ferreira Fernandes.

      
 O PSD mudou
   
«O presidente do PSD, Rui Rio, apresentou nesta segunda-feira um pacote  de medidas que visam incentivar a natalidade a que deu o nome de “uma política para a infância", e que prevê um apoio para os filhos até aos 18 anos, em substituição do abono de família, creches gratuitas para todas as crianças a partir dos seis meses e o ensino pré-escolar também gratuito e o pagamento de 428,90 euros a todas as grávidas ao sétimo mês de gravidez com o “objectivo de facilitar os investimentos referentes à chegada de um novo membro” à família.

"Portugal tem de fazer um esforço e oferecer boas oportunidades às famílias e incentivar as empresas para que elas próprias criem creches e jardins-de-infância para os seus funcionários", declarou Rui Rio em conferência de imprensa, no Porto, revelando que este pacote de medidas "custa por ano ao Orçamento do Estado entre 400 a 500 milhões de euros".» [Público]
   
Parecer:

Dantes o Relvas, o Rangel e outros sugeriam que os jovens fossem fazer filhos longe, um sugeria Angola e o outro propunha agência para ajudar os que queriam fugir do país. Agora querem pagar 10.000 euros por cada filho que façam cá. Pode-se chamar sério a um partido que dá cambalhotas destas?
   
Despacho do Diretor-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»

 Envio direto das faturas ao e-fatura
   
«As faturas vão passar a ter um QR Code que permite o seu envio direto para o e-fatura. Objetivo: evita a cedência de dados pessoais e cria incerteza ao comerciante sobre quais as faturas que chegam ao Fisco. Prazos para a comunicação dos ficheiros com a faturação das empresas também vão encurtar.» [Expresso]
   
Parecer:

Agora tudo vai ficar complicado.
   
Despacho do Diretor-Geral do Palheiro: «Espere-se para ver.»