sábado, agosto 25, 2007

O que é uma OGM - Organização Geneticamente Modificada?


Passado sarrabulho em torno das maçarocas de milho é tempo de explicar o que é isso da modificação genética. Chega de haver gente aterrorizada com medo de apanhar alguma caganeira depois de ter comido xarém de conquilhas com farinha de milho geneticamente modificado.

E porque estamos fartos de milho, confesso que as papas de milhos foi o único prato que uma mãe nascida no meio da guerra civil de Espanha nunca me conseguiu convencer (o que no caso significava mais ou menos obrigar) a engolir, talvez se possa recorrer ao exemplo das organizações políticas para melhor explicar o conceito.

Antes de falar dos transgénicos talvez seja oportuno referir que antes destes haviam as sementes híbridas que puseram fim às sementes tradicionais, aquelas que subsistiam de colheita para colheita. Um bom exemplo de organização política anterior aos híbridos é o PCP.

O PCP evolui lentamente, as transformações que sofre para se adaptar levam o seu tempo, são quase imperceptíveis. A evolução do PCP é um exemplo de darwinismo. Algumas das espécies extinguiram-se, outras, como o nosso, lá vão sobrevivendo e algumas, como é o caso da Coreia do Norte, mereceriam uma expedição como a que Darwin fez às Ilhas galápagos, por lá o partido parou no tempo porque o isolamento poupou-o a influências externas.

Na nossa história política também tivemos alguns exemplos de organizações híbridas, o caso mais significativo foi o PRD de ramalho Eanes, na primeira colheita apresentou excelentes resultados, mas na campanha seguinte os resultados foram umas maçarocas sem grau, precisamente o que sucede com o milho produzido com sementes híbridas.

Entre os híbridos e os trangénicos temos algumas variações como sucede, por exemplo, com as melancias, umas vezes são redondas outras os japoneses produzem-as quadradas, é de esperar que sejam vermelhas mas também já quem as há as faça amarelas. As semelhanças entre as melancias quadradas e o PSD de Marques Mendes são mais do que evidentes, da mesma forma que com Sócrates os que esperavam uma melancia acabaram por dar com uma amarela. Infelizmente os tempos são outros na minha infância o comprador podia galar a melancia, consistia e retirar um quadrado para verificar se era de qualidade, agora compramos a melancia e só depois a podemos abrir, vamos ter que continuar a comer melancia amarela por mais dois anos.

O exemplo perfeito de OGM é o Bloco de Esquerda, este partido não resultou de qualquer evolução, nem os estalinistas passaram a simpatizar com Trotsky, nem os trotskistas perdoaram a machadada de Estaline. O BE foi resultado de uma combinação genética, coisa do género “pataca a ti, pataca a mim”, mas em vez de patacas a divisão foi feita com genes, do Louçã foram buscar o discurso tipo homilia com uma ou outra piada pelo meio, do Fazenda optou-se por aquele ar sério, um misto entre o ideólogo e o frequentador dos jardins do Júlio de Matos. No fim o BE deixou de dar flores como a ditadura do proletariado, a conquista do poder pela revolução, e muitas outras cores e sabores próprios da extrema-esquerda anterior à modificação genética.

Aliás, as modificações do BE ainda não pararam, para cada campanha a OGM sofre modificações para se adaptar ao clima político, se os portugueses falam de modernidade o Louça faz uma alteração genética e o BE passa a ser a esquerda moderna Se o que está a dar são as manifes e o agit-prop o Louçã introduz um novo gene e o BE passa de esquerda moderna a esquerda popular.

Tal como com as sementes geneticamente modificadas também com o BE há o problema da polinização descontrolada. Sem que tenham saído da “Monsanto” do Louçã, aparecem por aí organizações com o mesmo discurso político do BE sem que, contudo, tenham alguma relação com o Bloco, foi o que sucedeu aos coitados dos verde-eufémio. Trata-se do efeito da polinização em redor do BE. Não me admiraria nada que um dia destes o arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles apareça por aí a dizer as mesmas piadas do Louçã ou a declarar que vê na monarquia as mesmas vantagens das sucessões familiares em Cuba ou na Coreia do Norte.