O país está tão sossegado que até parece uma imensa Praia dos Três Pauzinhos, não é que fora da chamada “silly Season” aconteça grande coisa, se olharmos para trás o país entreteve-se durante um ano a discutir coisas importantes como a eficácia pedagógica da Universidade Independente (só em Portugal se encerra uma universidade que em meia dúzia de dias foram um engenheiro tão competente que até chega a primeiro-ministro, deve ser para que não haja oposição nos próximos anos), a qualidade literária das análises políticas do professor Charrua ou as razões que terão levado à extinção de dromedários numa zona tão vocacionada para a sua criação como é a Margem Sul.
De repente fez-se sossego, nem a posse de António Costa na Câmara Municipal de Lisboa provocou o mais pequeno cachão nesta Praia dos Três Pauzinhos. Chegou a vez de os jornalistas passarem por um mau bocado pois nos dias que correm deve ser mais difícil encher um jornal do que vender um cesto de bolas de Berlim nas praias onde arrasto a preguiça. Imagine-se a ansiedade dos directores dos jornais quando chega o meio da tarde e ainda não sabe o que fazer a metade das páginas que sobraram depois de arrumada a publicidade.
Não deixa de ser curioso que o único momento de ligeira agitação das águas tenha resultado do veto presidencial ao Estatuto dos Jornalistas, um gesto bonito da parte de Cavaco Silva ainda que hoje em dia haja maior perigo de agitação na publicidade do que no trabalho de muitos dos nossos domesticados jornalistas.
