Se um dia destes estiver no Papaçorda ou na Bica do Sapato a apreciar umas amêijoas pescadas junto ao Cais das Colunas, ali por onde o Tolan esteve encalhado durante largos meses, acompanhado de uma “grande escolha” de branco do Parque Eduardo VII, temperadas com com azeite virgem vindo directamente do lagar de Chelas não se admire, foi obra de José Sá Fernandes.
O bloquista não só descobriu a solução para os problemas de Lisboa como tira o tapete ao ministro da Agricultura que decidiu extinguir os serviços que se ocupavam do mundo rural da capital. Ao que parece José Sá Fernandes já se prepara para plantar vinhas e oliveiras na Tapada da Ajuda. Não me admiraria nada se os canteiros da Avenida da Liberdade abastecessem a capital de alhos, coentros e salsa, o Parque Eduardo VII tem todas as condições para produzir tomate e se o cimento fosse retirado do Terreiro do Paço poderia dar uma excelente couve-galega, indispensável para a confecção do Caldo Verde, a sopa indispensável na gastronomia lisboeta. Uma boa parte do arvoredo da capital poderia ser substituída por gingeiras, assegurando o abastecimento das ginjas usadas na famosa ginginha tão apreciada em Lisboa.
Vamos, portanto, ter a marca Lisboa em garrafas de vinho, garrafas de azeite, pratos de corvina e de amêijoas. Pensando bem a marca poderia estender-se aos pombos, à salsa e coentros, à couve-galega, aos mujos do Tejo e até à água engarrafada. Porque não intoduzir o burro na cidade? As suas colinas aconselham mais o recurso ao asinino do que à bicicleta, o entendimento com muitos dos nossos automobilistas seria mais fácil e ainda se poderia aproveitar o estrume deixado nas ruas da capital. Poderiam ser reeactivados os chafarizes, as Novas Oportunidades promoveriam cursos de lavadeiras que, por sua vez, poderiam usar os burros para levar a roupa lavada às clientes, até se proderia aproveitar a entrega dos diplomas às lavadeiras para o Sócrates fazer mais uma distribuição de computadores.
A notícia já tem uns dias (semanário Sol), veio na edição do Sol e dá-nos uma ideia da visão de Sá Fernandes para uma grande capital europeia, um misto entre o centro moderno da actual Pyongyang e a Tirana dos tempos de Enver Hoxha.
Enfim, como na “Canção de Lisboa” o vereador Sá Fernandes é bem capaz de saber o que é o mastoideu.