Os processos Somague e Apito Dourado são em tudo semelhantes, no caso da Somague o financiamento de um partido visa ajudá-lo a ganhar eleições enquanto no Apito Dourado está em causa a viciação de resultados para se ganhar campeonatos. É evidente que há pequenas diferenças, não faria sentido que a Somague servisse prostitutas aos líderes do PSD ou de quaisquer outro partidos ainda que não me admirasse nada que essa forma de pagamento seja tão comum entre políticos como parece ter sido entre os árbitros.
A Somague não é uma fundação, trata-se de uma empresa que visa obter lucros e esses lucros dependem em larga medida das decisões governamentais (Público). Negócios como obras públicas ou a construção e exploração de auto-estradas serão tanto mais lucrativos quanto mais os políticos estiverem disponíveis para aceitar contratos cujos termos forem definidos pelas empresas. Quando se financiam partidos estão-se a comprar políticos.
Parece que José Luís Arnaut teve um gesto muito nobre e como seria de esperar Marques Mendes veio elogiar a dignidade do seu companheiro e (porque terá tido o cuidado de o dizer) afirmar que não teve conhecimento prévio da decisão.
Temos, portanto, um Egas Moniz que se apresenta no Tribunal Constitucional, descalço e com um baraço ao pescoço, como penhor da culpa de sendo dirigente do PSD não ter reparado que lhe tinham pago uma factura de uma ninharia, coisa para 233.000 euros. Quem se iria preocupar em saber que pagaria uma encomenda de tal montante ou quem se incomodaria em saber quem pagou a dívida? É evidente que tal montante era coisa de menor monta, a sua conferência era tarefa de uma qualquer administrativa do partido.
O nosso Egas Moniz mata dois coelhos com uma cajadada, livra o amigo Durão Barroso de uma complicação, safa-se pois diz que sendo responsável de nada sabia e Marques Mendes, que até fazia parte da equipa de Durão Barroso aparece a dizer que não tem nada com o assunto.
Estes senhores não só corrompem e destroem a democracia em proveito próprio como ainda têm o descaramento de fazer os portugueses passarem por parvos.
O montante em causa não é uma gorjeta, é muto mais do que o honorários de uma prostituta do Porto ou do que poderão ter custado as filigranas que alguns árbitros poderão ter recebido. O caso Somague tem uma dimensão que o Apito Dourado não tem pelo que se espera que o Procurador-Geral da República lhe dê, pelo menos, tanta importância como está a dar ao Apito Dourado.
E por falar em esperar o melhor será ir comprar uma cadeira pois ou estou muito enganado ou terei que esperar muito tempo, o melhor será sentar-me.