Este é um bom exemplo da forma como muitos pensamos e tratamos o turismo, os recursos naturais são para destruir e os que nos visitam devem ser maltratados. Se o Algarve ou mesmo o Rio Tejo fossem uma mina de diamantes estaria bem guardada, os acessos seriam luxuosos, não haveria lixo por todo o lado e não faltaria quem se dispusesse a lamber as botas aos que nos viessem comprar as pedras. Mas como a natureza se trata de um bem publico cada um a usa e destrói como entende.
É frustrante ver algumas das melhores praias da Europa serem tratadas como lixeiras, servidas por acessos de poeira, apoiadas por restaurantes bem piores do que qualquer tasca.
Fala-se muito da desgraça que tem sido a construção civil no Algarve ou na costa do Alentejo, mas a verdade é que não são só autarcas oportunistas e patos-bravos da construção civil que delapidam os nossos recursos naturais. São muito os empresários que exploram o turismo sem o mínimo de vocação para o fazer e muitos mais os portugueses sem o mínimo de educação e de civismo.
Lixo por todo os lado, contentores de lixo por limpar, veículos todo-o-terreno estacionados nas dunas, idiotas apanhando conquilhas minúsculas, famílias a atravessarem as dunas a caminho da praia para não se darem ao trabalho de irem pelas passadeiras, são imensos os comportamentos que estão a destruir algumas das nossas melhores praias.
Se fossem uma mina de diamantes ninguém poderia ir lá cavar e desbaratar esse recurso, mas como se trata de domínio público cada um fez o que quer. Se defendesse aqui a privatização das praias cairia o Carmo e a Trindade, mas se isso for necessário para preservar e explorar devidamente um dos nossos melhores recursos não terei a menor dúvida em fazê-lo.