Vila Real de Santo António, onde estou passando férias, é um bom exemplo de como se perdem eleições, um concelho onde os chamados partidos de esquerda eram maioritários é agora gerido pelo PSD que no passado era um partido minoritário. Como é que é possível que o PCP e o PS, que decidiam as eleições, permitiam esta situação?
O PCP chegou a dominar a autarquia e perdeu-a, como? Porque levou aqui ao extremo de que os eleitores votam no partido, o último presidente da autarquia eleito pelo PCP pouco mandava na câmara, o verdadeiro presidente era o controleiro, personagem local que nunca ousaria candidatar-se. O PCP candidatava uma cara simpática e o controleiro mandava, até ao dia em que propôs um pára-quedista e ajudou o PSD.
O PS também geriu a autarquia e da última vez voltou um a apresentar um candidato que, como por aqui se diz, estava mais perdido do que a barca do arroz. Dizem por cá que um favor a Maria José Rita levou o partido a recandidatá-lo contra a vontade do seu eleitorado. O resultado foi o que se viu, o PSD ganhou uma câmara que no passado estava riscada do seu mapa.
Vila Real é o exemplo do que não se deve fazer nas eleições autárquicas, mas a lição não deverá ser de grande utilidade, a mesquinhez do aparelho do PS continuará a oferecer autarquias ao PSD e o centralismo (supostamente) democrático do PCP há-de levar muitos eleitores a rejeitar o modelo político que este partido gosta de impor às populações.