Desde que os Jogos se realizaram em Berlim na época de Hitler que foram usados para demonstrações de superioridades rácicas ou de regimes e modelos políticos, não são mais do que grandes encenações em que os países organizadores que, em regra, são grandes potências, tentam mostrar as virtudes ou mesmo a superioridade dos seus regimes políticos. Cada país que organiza os jogos investe durante quase uma década numa geração de atletas num esforço para conquistar medalhas para que estas possam ser comparadas como se tratasse de um arsenal nuclear.
Se muitos atletas conseguem medalhas em recurso a químicos, experiências várias e sacrifícios imensos (por cá temos alguns exemplos), muitos outros são produtos de laboratório, muitos deles pagarão durante a vida o falso sucesso ou a encenação dos seus países. Veja-se, por exemplo, o que sucedeu com os atletas da ex-RDA que apostou fortemente no desporto.
Em muitas modalidades, como a ginástica, por cada medalha são milhares de jovens ou mesmo crianças que se sujeitam a sacrifícios imensos numa tentativa de ascender ao ouro, seja para orgulho de ditadores, seja para ascender aos milhões dos contratos publicitários.
A China apostou nos Jogos e é certo que a imensa máquina vai produzir um grande número de medalhados, mas ninguém vai questionar quantos jovens ficaram pelo caminho nem os sacrifícios a que todos se sujeitaram, ninguém vai saber como se produziram os atletas perfeitos que dentro de pouco tempo serão esquecidos pelo regime. Sem dúvida que tudo vai ser grandioso, a China vai tentar esconder a realidade política e social do país, vai tentar exibir desenvolvimento para encobrir a realidade.
Os senhores dos comités olímpicos vão calar-se como sempre se calaram, vão ser tratados com todas as mordomias, receber prendas valiosas, ficar em hotéis de luxo e tratados como príncipes. Pouco lhes importa se a atleta do tranpolim foi produzida com treinos ou com a última inovação da química, vão pôr a medalha no peito da jovem com o sorriso oficial do costume. Nos intervalos vão ser bajulados pelas delegações dos países que pretendem organizar os jogos daqui a oito anos, vão receber convites e prendas, vão deixar-se bajular e escolherão em função dos jogos dos bastidores. Terminados os jogos de Pequim vão encher a mula por outras paragens.
Os Jogos Olímpicos são cada vez menos olímpicos.