O governo decidiu criar um prémio para os melhores alunos, o que não é novidade nenhuma, algumas universidades (como a Universidade Católica já os adoptaram há muito) e apareceram logo os puritanos. O mesmo jornal (Público) que mais se bateu contra as notas de matemática, chegando a insinuar que os responsáveis pela elaboração das provas tinham sido comprados dedica agora um editorial a indignar-se com esta medida, preocupado porque o assunto tinha caído no esquecimento. Desde que Sócrates mandou construir o novo aeroporto longe de Tróia o jornal de Belmiro de Azevedo só vê mal em tudo.
Mas voltemos ao assunto, há mal na concessão de um prémio monetário aos melhores alunos de uma escola?
Muito mais do que esse prémio custam o absentismo (por mais pequeno que seja) dos profissionais do ensino, é uma despesa ínfima se comparado com a despesa de uma escola. Há algum mal em que os melhores alunos vejam reconhecido o seu mérito? Há algum mal em que a escola adopte aquelas que são as regras do mundo que vão conhecer mais cedo ou mais tarde?
Antigamente havia um quadro de honra e tanto quanto me lembro nunca ninguém ficou doente por ver lá o seu nome, antes pelo contrário, era um motivo de orgulho para os alunos e os seus familiares, era o reconhecimento público do esforço. Dois dos meus irmãos eram presença frequente nesses quadros e isso sempre foi um motivo de orgulho da minha mãe.
Há algum inconveniente em reconher o mérito seja através de um prémio monetário, da oferta de uma prenda simbólica ou da presença num quadro de honra?
Estas críticas vindas de um jornal de Belmiro de Azevedo são, no mínimo, ridículas. Dá vontade de rir ler o que Nuno Pacheco escreve em, editorial:
«O que fará o aluno com o dinheiro? Esquece de imediato a escola e vai comprar uma consola de jogos, que certamente o diverte mais. Pior: passa a trabalhar com um único fito: o de receber o cheque, não o de se preparar para a vida. Porque a vida que a escola já lhe ensina fica reduzida a isto: o conhecimento serve apenas para ganhar dinheiro.»
Será que os trabalhadores da SONAE que são premiados vão logo embebedar-se e no dia seguinte faltam ao trabalho? É ridículo pensar que o melhor aluno de uma escola deixa de estudar só porque comprou uma consola.
É mesmo caso para dizer que “ao mau cagador até as calças empatam”, parece mesmo que é esta a linha editorial do jornal de Belmiro de Azevedo.