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Por estas horas deverei estar a chegar a Mértola, a terra onde um compadre se queixava de que o rádio que tinha comprado não funcionava, um amigo disse que era óbvio, se o rádio só tinha AM (Antes de Mértola) e FM (Fora de Mértola) era natural que não trabalhasse em Mértola. Ponto obrigatório para visita e almoço, uma homenagem às civilizações que o Guadiana transportou, esse rio hoje quase ao abandono. Depois é seguir viagem, Ferreira do Alentejo, Grândola (onde já vivi um ano) e, por fim, Lisboa.
Depois são mais uns dias de férias, só para evitar que a primeira semana de trabalho seja completa, dias que aproveitarei para mudar de palheiro. Mais uns meses e saberemos se Manuela Ferreira Leite vai ou não ter tempo para o neto.
Este ano será tempo de muitas dúvidas, começando, desde logo, pelas de Manuela Ferreira Leite que ainda não se sabe muito bem o que pensa sobre o que quer que seja. Mas quem vai ter mais dúvidas é mesmo Cavaco Silva, estará dividido entre um pássaro nas mãos ou dois a voar, se Manuela Ferreira Leite poderá acumular a presidência com o governo mas fará perigar a reeleição, se Sócrates ganhar e tiver ajudado Ferreira Leite será o principal derrotado perdendo credibilidade, se apoiar Sócrates sobreviverá com o poder da presidência mas será desprezado pelos seus. Depois do que fez a Fernando Nogueira na tentativa de conquistar a presidência tudo se pode esperar, para Cavaco o seu poder está acima de tudo.
Jerónimo de Sousa e Francisco Louçã terão que esperar pelas eleições para se perceberem se as sondagens traduzem intenções de voto ou manifestações de castigo do eleitorado. Se os eleitores sondados querem apenas assustar Sócrates o PCP e o BE poderão ter uma grande desilusão. Depois da segunda maioria absoluta de Cavaco, quando todos previam a derrota e o ambiente social era parecido ao que vivemos actualmente, tudo pode acontecer.
Para Paulo Portas as incertezas também são muitas e não se limitam a saber se o CDS volta a ser o partido do táxi, onde cabem apenas quatro deputados. Terminadas as férias judiciais a justiça segue o seu curso e as investigações do caso Portucale ou à compra dos submarinos pode trazer muito dissabores a Portas e aos que o acompanharam na última aventura governamental.
Sócrates depende das dúvidas de todos os outros e das suas próprias incertezas, principalmente a que se refere à evolução da economia portuguesa.
Até eu poderei ser confrontado com algumas dúvidas, principalmente se for confrontado com uma proposta de mudança de ares profissionais, principalmente se essa mudança fazer perigar a sobrevivência do burro.
Enfim, resta esperar para ver e gozar o melhor possível os poucos dias que me restam antes de regressar ao trabalho.