sexta-feira, setembro 05, 2014

A mesma escola

Cavaco nunca tem responsabilidades, umas vezes porque foi o governador que tinha dito o que ele repetiu, outras porque já tinha avisado ou porque decidiu com base em pareceres. Durão Barroso nada teve que ver com a famosa notícia de que Deus Pinheiro tinha roubado um cobertor da TAP e a notícia sobre a invasão de Kiev foi tirada do contexto e dada a conhecer abusivamente à comunicação social. Passos Coelho nada fez a que não fosse obrigado, tudo estava no memorando, incluindo o seu excesso de troikismo.
  
Estamos perante uma escola de políticos sem grande coragem, que fazem do discurso a arte da cobardia, nada dizem ou fazem sem antes pensarem como se vão desculpar, dizer que não são irresponsáveis ou mesmo atirar as culpas para terceiros. O mais grave é que não se trata de uma fornada mal amassada ou de uma má colheita, é mesmo uma doença do tipo da filoxera que deu numa boa parte da nossa classe política. Om Durão Barroso a doença chegou mesmo a Bruxelas mas parece que por aquelas bandas se preparam para tratar a filoxera da mesma forma que por cá se fez há um século, arrancam as vinhas atingidas.
  
Por aqui a falta de coragem ainda predomina e se o PSD parece  uma vinha perdida por causa deste novo tipo de filoxera o PS para lá caminha devido a uma praga de características idênticas. Também por ali há quem queira dominar sem dar a ara e ainda esta semana foi debatido um orçamento suplementar e o líder da oposição preferiu andar por parte incerta.
  
Agora que decorre a famosa universidade de Verão do PSD talvez não fosse má ideia que os rapazolas só estivessem presentes depois de passarem por um exame de admissão onde provem a sua capacidade de dissimular, mentir e afastar as responsabilidades. São essas as grandes qualidades dos nossos políticos vencedores, as virtudes que levaram três gerações de políticos dessa mesma escola ao poder.
  
Enquanto os partidos são escolas de virtudes duvidosas talvez o debate político deva deixar de se centrar em propostas que não vão ser cumpridas e passar a discutir-se a dimensão, coragem e honestidade dos políticos.