terça-feira, setembro 02, 2014

à portuguesa

Esta confusão do mapa judiciário ilustra muito bem o país político que somos, um país onde impera a incompetência, o oportunismo político, a suspeição a incompetência. Aquilo a que temos assistido é um espectáculo em que cada interveniente faz o que lhe cabe, o governo mostra-se incompetente, o partido da ministra dá uma conferência ridícula, os sindicatos e ordens escondem os seus interesses atrás do que entendem ser o interesse do país, o partido da oposição comporta-se de forma oportunista.
  
O governo que não teve a coragem de mexer no mapa autárquico mantendo tudo como estava no duvidoso mundo dos esquemas autárquicos decidiu mexer no ordenamento do sistema de justiça com a ajuda dos mapas da Michelin. Depois de ouvidos os grupos de interesse ligados ao PSD lá se decidiu sobre o que fechava ou ficava aberto e avançou para uma reforma à pressa, A pressa foi tanta que o exércio foi transformado em empresa de transportes e os juízes vão ter de julgar dentro de contentores montados à pressa e com recurso a ajustes directos.
  
Os advogados que costuma instalar os seus escritórios na proximidade dos tribunais, da mesma forma que as funerárias preferem as redondezas dos tribunais, não gostaram nada que o seu negócio fosse afectado e protestaram em nome da defesa da democracia, do direito à justiça e do interesse nacional, as mesmas bandeiras usadas pelos sindicatos do sector.
  
O PS, que em tempo de directas precisa de se armar em Bloco de Esquerda, promete reabrir tudo o que for encerrado, diz que os municípios estão de luto e que há quase meio milhão de portugueses sem justiça. O pessoal do Seguro esqueceu-se de acrescentar ao número de municípios de luto os muitos que já não eram sede de comarca, para falar das muitas aldeias onde há muito não se faz justiça apesar de terem pelourinho.
  
Este caso do mapa judiciário mostra o lodaçal em que o país se está transformando, o governo governa com incompetência, os grupos profissionais chamam a si a representação do interesse nacional e o maior partido da oposição limita-se a ser oportunista. O que Seguro fez agora com o mapa judiciário já Manuel Alegre tinha feito com a maternidade de Elvas e o PSD fez o mesmo em relação ao encerramento de escolas. A grande diferença está no facto de esta reforma ser duvidosa quanto ao rigor e ninguém a ter questionado sob este prisma.
  
O grave é que o caso GES/BES foi abordado com base em frases de campanha eleitoral, o mapa judiciários é lançado e analisado com oportunismo e muitas outras reformas importantes e necessárias não são feitas ou o são de forma incompetente porque o país parece estar prisioneiro da estupidez, tudo é se faz a pensar nos jornalistas e nos votos dos eleitores mais idiotas e manipuláveis por políticos como marques Mendes ou por jornalistas de pasquim.