terça-feira, setembro 23, 2014

Volta Troika s.f.f.

Nos últimos três anos todos os males do país ou foram culpa de Sócrates, ou do memorando assinado por Sócrates ou das imposições da Troika. O governo ou actuava com grande competência, o Moedas até foi premiado pelo seu desempenho, ou era vítima das imposições da Troika. E assim foi durante três anos, durante os quais o governo até contou com a complacência de um Seguro que concordava com Passos Coelho quer em relação ao culpado de todos os males, quer na tese de que tudo o que se fazia era uma consequência do memorando.
  
A Troika partiu e o governo festejou a saída limpa, a economia crescia como nunca se tinha visto, o sistema financeiro estava sólido e pronto para apoiar a economia, a Santinha da Horta Seca anunciava milagres, Cavaco andava babadinho com o desempenho do seu governo, tudo corria às mil maravilhas, era uma saída limpinha e pêras.
  
Os funcionários públicos já podiam afiar o dente a pensar na recuperação de 20% dos cortes, as famílias numerosas da Opus Dei podiam agradecer a Deus e dar mais uma quecas por conta da reforma do IRS, o Seguro estava firme e hirto na liderança do PS assegurando um precioso abono de família eleitoral à direita. Aquele que governou sob o lema do “que se lixem as eleições” podia agora voltar a pensar em eleições.
  
Mas de um dia para o outro tudo se virou ao contrário, o malvado do Ricardo Salgado pôs o sistema financeiro de pernas para o ar, as exportações abrandaram, o Tribunal Constitucional insiste em apoiar o governo mas apenas em inconstitucionalidades às prestações e como se tudo isto não bastasse ainda apareceu o António Costa a obrigar Seguro a fazer de conta que é um grande opositor.
  
Foi a troika partir e o governo só tem feito asneiras., o Crato já nem sabe fazer contas, a ministra da Justiça não encontrou no Guia Michelin as instruções para fazer o upgrade do Citius, até os jornalistas da Cofina se lembraram de que o Passos Coelho tinha andado metido na Tecnoforma, só se esqueceram de dizer que o relvas também pertenciam à empresa.
  
Sem troika o governo ou faz asneiras ou não sabe a quem atribuir as culpas, já não há troika, não à memorando e até o Cavaco Silva anda a contar umas piadolas novas, como aquela de que não lhe terão dito tudo sobre o BES. Não seria melhor o governo deixar-se de saídas limpas e pedir à troika para regressar remetendo os caos como o BES, o Citius ou os erros de matemática do Crato numa actualização do memorando assinado pelo Sócrates?
  
Com um governo em decadência, a cair aos bocados, o que dava mesmo jeito era voltar a dar as culpas a Sócrates justificando tudo como sendo imposições da Troika, contando com um Cavaco a mandar calar o país por causa dos mercados e com um Seguro percorrendo o país, liderando o PS e perdendo todos os debates quinzenais com Passos Coelho.