quarta-feira, maio 30, 2007

Não basta parecer


A Portugal não basta um governo razoável, assim, assim ou, muito simplesmente, melhor do que o Governo de Santana Lopes ou mesmo de Durão Barroso, para que o país supere os problemas que enfrenta. È necessário ter um Governo tão ou mais competente quanto o dos nossos parceiros e concorrentes.

Não basta dizer-se que se vai modernizar a Administração Pública e para apenas serem adoptadas medidas de poupança à custa do bem-estar e motivação dos funcionários. É necessário modernizar os modelos de gestão, mudar a cultura e, acima de tudo, dar o exemplo não recorrendo aos boys e muito menos a boys que gostam de perseguir adversários políticos.

Não basta ser rigoroso na gestão das finanças públicas transformando a gestão do Estado num exercício de cortes. É necessário abandonar uma lógica de contabilista e passar a uma lógica de política económica, é necessário um ministro das Finanças que tenham mais alguma coisa a dizer do que anunciar os cortes que pretende fazer.

Não basta exigir mais produtividade dos funcionários, sujeitando-os a processos de avaliação exigentes. É necessário que se seja igualmente exigente na forma como se escolhem os dirigentes e sujeitá-los a critérios de avaliação tão ou mais rigorosos quanto os considerados para os funcionários, a produtividade dos funcionários depende, antes de tudo, da forma como são geridos.

Não basta alterar o estatuto dos professores para obter resultados no ensino, é necessário modernizar todo o sistema de ensino, utilizando de forma eficaz os recursos disponíveis e devolver à função de professor a dignidade e autoridade que lhe foi retirada.

Não basta mandar funcionários do ministério da Agricultura para o quadro da mobilidade, o futuro da Agricultura portuguesa depende de medidas de política agrícola que sejam capazes de assegurar níveis razoáveis de bem-estar aos que vivem no campo.

Não basta anunciar planos tecnológicos, nomear responsáveis e fazer sessões de assinaturas com o Bill Gates. A mudança de que o país carece terá que ser obra de muitas empresas, dos trabalhadores e gestores portugueses e das universidades, o progresso tecnológico depende do investimento e do saber, não se consegue apenas com assinaturas de protocolos.

Não basta ambicionar o crescimento económico, é necessário que esse progresso se traduza em melhoria da situação dos mais pobres, não faz sentido, não é aceitável e é moralmente aberrante conseguir o crescimento apenas à custa de uma redistribuição de riqueza em favor dos mais ricos.

Não basta parecer competente, é preciso sê-lo. Não basta passar a imagem de que se governa, é preciso que se governe com competência e para que o progresso seja conseguido com o esforço e sacrifício de todos, devendo ser os seus resultados igualmente distribuído por todos e, em particular, dos mais pobres.