segunda-feira, maio 07, 2007

Porque motivo os directores-gerais não são avaliados?


Quando o Governo anunciou que os directores-gerais, subdirectores-gerais, presidentes e vogais iam ser avaliados estranhei a generosidade mas aplaudi, tinha defendido isso aqui e registei o passo positivo. Mas alguém percebeu a “asneira” e o Governo recuou, os dirigentes nomeados directamente (já que quase todos os outros são nomeados indirectamente por concursos que não passam de farsas ensaiadas) não podem ter negativa, são avaliados só para se saber se vão para o quadro de honra.

Não fiquei surpreendido por o Governo ter recuado, quem copiou a legislação de modelos mais avançados esqueceu-se de que a cultura do nosso Estado nada tem que ver com a do país ou países cujas normas estão a ser plagiadas e acabou por copiar demais, copiou o que não devia ter copiado. É evidente que nos países onde os directores-gerais não são nomeados por critérios políticos também são sujeitos a avaliação, mas num país onde o poder ainda tem muitos tiques tropicais não passaria pela cabeça de ninguém atribuir uma avaliação negativa a um dirigente que (só por acaso) é sobrinho ou irmão da amante de um ministro.

Um modelo de avaliação onde os dirigentes não são avaliados não passa de um modelo podre na raiz, é um modelo hipócrita que vai servir mais para reprimir do que para avaliar. O Governo gosta muito de aproximar o modelo de funcionamento do Estado ao que sucede nas empresas, mas só o faz quando os princípios são úteis para reprimir, reduzir os vencimentos, despedir ou precarizar o emprego. Não o faz para evitar excessos (seria curioso se a Inspecção-Geral do Trabalho inspeccionasse os serviços de finanças com os mesmos critérios que faz nas empresas privadas) nem para retribuir na íntegra os trabalho dos funcionários e muito menos para avaliar as políticas de gestão desenvolvidas.

Ao copiar dos países do norte os modelos sem adoptar as culturas e ao importar das empresas apenas os princípios que lhe interessa o Governo está a criar um modelo aberrante de gestão da Administração Pública onde os únicos funcionários felizes serão os membros da nomenclatura partidária que o Governo nomeou para os altos cargos para durante quatro ano terem um alto nível de vida assegurado pelo dinheiro do contribuintes.

Imaginem uma empresa que dá prejuízo por má gestão onde os accionistas em vez de despedirem os administradores atribuem avaliação negativa aos empregados. É isso que este Governo está a fazer no Estado, um híbrido entre o que vigorava na URSS e o que sucede na Europa do Norte, da URSS recupera o tratamento a dar aos dirigentes e da Europa alguns dos critérios usados na avaliação dos funcionários.