terça-feira, maio 08, 2007

Um ministro para as pequenas e médias empresas?


A necessidade que Marques Mendes sente de marcar a agenda está a levá-lo a apresentar propostas mal pensadas, como foi o caso da criação de um ministério para as pequenas e médias empresas.

Tratou-se de um recaída santanista de Marques Mendes, aliás, ao ouvi-lo falar no jantar do 33.º aniversário do PSD fiquei com a sensação de que a ideia lhe surgiu num momento de improviso, um pouco à semelhança do que sucedia com Santana Lopes. O seu antecessor deslocalizou o governantes, Marques Mendes introduziu o governo personalizado, passam a haver ministros que actuam como gestores de conta de determinados grupos empresariais, sociais ou económicos.

Imagino que Marques Mendes vai criar o ministério do Trabalho para os recém-licenciados, um ministério da Agricultura e Pescas para a pesca artesanal ou um ministério da Educação para o ensino profissional, prioridades não lhe faltarão. Basta que Marques Mendes considere um determinado sector ou grupo social como uma prioridade e proporá logo um ministério.

Mas medidas como estas não se ficam apenas pelo lado anedótico, propor um ministério para as pequenas e médias empresas pressupõe uma opção pelo intervencionismo paternalista, significa não perceber que o sucesso das pequenas e medias empresas passa pela competitividade e não pela existência de um ministério com funções de provedor para as proteger, de um "padrinho" governamental. O que as pequenas e médias empresas precisam é de um governo competente e eficaz e não de uma colecção de ministros onde os empresário possa ir chorar as suas mágoas.

Marques Mendes tem dois anos para pensar num programa de Governo e se começa já a propor a criação de ministérios sem ter uma concepção para essa política de Governo é porque o desespero do curto prazo leva-o a não conseguir pensar no médio prazo. Aliás, Marques Mendes começa a falar muito e a pensar pouco.