Em Portugal “filho da puta” quase se tranformou em mimo, quantos não se referem por “meu filho da puta” a familiares e amigos? Ainda no domingo passado Jesualdo Ferreira festejava o título referindo-se a um colega de equipa por “este filho da puta”.
A cena do processo disciplinar está a ganhar contornos idiotas, se todos os funcionários públicos tivessem um processo disciplinar por ofensas às mães de governantes e directores-gerais não só o Governo ficava dispensado das reformas que está adoptando como seria muito provável que quando nos deslocássemos a um serviço de finanças fossemos atendidos por um moldavo.
É evidente que mais impropério, menos impropério, mais palavrão menos palavrão, mais piada, menos piada, estamos perante um excesso de zelo na defesa da imagem do primeiro-ministro. O professor que se esqueceu que já não contava com a imunidade parlamentar do tempo das vacas gordas eleitorais do PSD teve sorte, em democracia apanhou um processo disciplinar, se fosse na ex-URSS já estava a bordo de uma carruagem de gado do transiberiano a caminho de uns anos de reeducação.
Desta história triste protagonizada com alguém que parece ter decidido ser protectora da imagem do primeiro-ministro resulta que temos que ter muito cuidado com o que dizemos do primeiro-ministro, a não ser que sejamos ministro das Obras Públicas. Antes de ofender a mãe de algum governante temos que ter o cuidado de saber quem nos está a ouvir, não vá ser alguém cujo cargo foi decido nalguma sede partidária.
Talvez o tal professor tenha mesmo dito o que não devia dizer, tendo sido deputado até deveria ter mais classe e tento na língua, mas a senhora protectora do primeiro-ministro aprendeu a lição, com este gesto fez um grande favor aos que acusam Sócrates de algum despotismo, esta manifestação de culto da personalidade não é nada de novo, começam a haver demasiados sinais de tentativas de endeusamento do primeiro-ministro.
Se o ex-deputado andou aos berros pelo serviço a chamar “filho da puta” a Sócrates” (quantos não se estarão a roer de inveja…) é bom que responda por isso, mas se estamos perante uma discussão daquelas a que assistimos entre os a directora e um dos professores do “Morangos com Açúcar” é caso para lhes dizer que tenham juízo.
Bem, Sócrates sempre pode agradecer à sua diligente protectora, em vez de discutirmos o problema do desemprego andamos preocupados com um grande e novo problema nacional, a honorabilidade da sua progenitora.