Com um esmagadora maioria dos militantes com as quotas por pagar que escolhem um candidato a primeiro-ministro com os mesmos critérios com que escolheriam o presidente do Estrela da Amadora, o resultado das directas do PSD era irrelevante. Foram em tudo semelhantes àquilo a que assistimos no mundo da bola, estereótipo dos militantes doPSD é o do adepto da bola, os presidentes das comissões de honra são apresentados como futuros treinadores e os notáveis correspondem às aquisições prometidas para o próximo campeonato.
Luís Filipe Menezes ganhou sem surpresa, da mesma forma que não seríamos surpreendidos se tivesse ganho Marques Mendes. Ganhou porque foi mais eficaz do que o seu opositor na comprar votos, o vencido percebeu tarde que não lhe bastava a notoriedade dos apoiantes para ganhar, precisaria dos votos que decidiriam o vencedor e estes postos estavam à venda por baixo preço.
Luís Filipe Menezes ganhou sem surpresa, da mesma forma que não seríamos surpreendidos se tivesse ganho Marques Mendes. Ganhou porque foi mais eficaz do que o seu opositor na comprar votos, o vencido percebeu tarde que não lhe bastava a notoriedade dos apoiantes para ganhar, precisaria dos votos que decidiriam o vencedor e estes postos estavam à venda por baixo preço.
Temos, portanto, o maior partido português a apresentar um candidato a primeiro-ministro que tem como maior virtude o facto de ter sido mais eficaz do que o seu opositor a comprar votos, de ter sido mais esperto. Menezes não venceu debates políticos, não apresentou projectos, lidera o PSD porque ganhou uma OPA rasca, uma opa com as acções a valer um euro por mês. Feitas as contas, Menezes ganhou por 4.000 votos, isto é, se cada voto comprado correspondia a dois anos de quotas por pagar o novo presidente do PSD apenas teve que investir mais 96.000 euros, menos do que seria necessário para comprar uma taberna de aldeia.
Em termos futebolísticos o PSD vale menos do que uma equipa que disputa a permanência num campeonato regional, os 90.000 euros investidos por Luís Filipe Menezes não dariam para o relvado novo do Estádio de Alvalade. Portanto, o PSD vai apresentar a candidato a primeiro-ministro o equivalente a um presidente de um clube da regional.
É assim o campeonato da política portuguesa, enquanto os bons dirigentes preferem as equipas da privada, os clubes do campeonato nacional são liderados por chicos espertos que adquirem o estatuto de candidato a primeiro-ministro por muito menos do que custa uma taberna.