Independentemente do que a investigação possa ir a concluir sobre o desaparecimento da criança inglesa já se podem tirar algumas conclusos sobre a própria investigação e a primeira é que a nossa justiça sensível ao estatuto social ou mesmo à nacionalidade dos envolvidos e suspeitos.
É evidente que neste caso não está apenas em causa o apuramento da verdade e mesmo a imagem externa do país, mas a comparação deste caso com o da Joana torna evidente que a nossa justiça tem dois pesos e duas medidas.
A Joana não apareceu mas a chegou rapidamente a conclusões e os supostos culpados já foram julgados e condenados; o rapto esteve fora de causa, os suspeitos passaram logo ao estatuto de arguidos em prisão preventiva e nem foi necessário o recurso a cães ingleses ou o apoio do laboratório mais avançado do mundo.
O PCP realizou mais uma Festa do Avante, uma festa que é tanto maior quanto menor é representatividade social e eleitoral do PCP, sinal de que a sua capacidade de organização se mantém intacta apesar das purgas internas e da perda de influência de algumas das suas organizações de massa.
Nesta festa podemos assistir ao PCP que já morreu, ao PCP que ainda está vivo e ao PCP que não existe. Ao lado de uma grande mobilização o PCP exibe as suas velhas glórias internacionais, um verdadeiro museu de cera da história do comunismo no século XX, ao mesmo tempo que lança um programa capaz de atrair muita gente que apesar de ir à Festa não vota no partido.
Sócrates andou muito atarefado
Não tem mãos a medir, tantos são os portáteis que tem para distribuir.
Parece que agora é que Cavaco Silva está mesmo em férias, conseguiu passar uma semana sem vetar uma lei. Cavaco não quer imitar Mário Soares quando era PR, e vem de força de bloqueio optou por ser força de ‘veteio’.
Como se esperava a justiça portuguesa assumiu a defesa dos nossos bons valores enquanto uma parte dos actores da política portuguesa impuseram a lei do silêncio. Mais importante do que defender a democracia, foi o bom-nome de Portugal que além de presidir ao Conselho da EU tem à frente da Comissão Europeia um dos seus mais distintos e emblemáticos políticos.
Ninguém quis puxar pela meada pois as consequências seriam imprevisíveis.
Ou seja, mais sete dias sem que Marques Mendes e Luís Filipe Menezes tenha apresentado uma única ideia ou proposta que nos leve a pensar que são candidatos a candidatos a primeiro-ministro. Pela forma como se comportam até parece que estão a escolher o líder de uma claque de futebol.
De novo a (in)segurança
Depois do caso da acção de agit-prop dos verde-eufémios (como o inspirador é de Gaia até poderíamos dizer que são os berde-eufémios do BE) a segurança não parou de ser tema, ainda que não tenha merecido um minuto de discussão séria. Uma sucessão de casos meteu a segurança na agenda: os atentados da ETA e a declaração de Garzón de que queria cá vir investigar, os assaltos a bancos, os disparates do ministro da Administração Interna e, por fim, o vídeo que exibe cenas de segurança policial. Um cocktail que core quase todos os problemas da segurança em Portugal.