Vale a pena comparar a nossa imprensa, sem distinguir a rasca da que supostamente é de referência, com a imprensa estrangeira. Não para comparar jornais e jornalistas, mas vermos o país que somos e compará-lo com aquele que desejamos.
Abram um jornal espanhol e leiam “Zapatero e uma boa parte dos seus ministros e secretários de estado deixaram os gabinetes em Madrid e a presidência europeia para se fazerem acompanhar de anónimos jornalistas dos órgãos de comunicação social da capital e da imprensa regional em mais uma operação de distribuição de portáteis”. Não leram nem vão conseguir ler, nunca vi um primeiro-ministro espanhol fazer uma figura triste como esta.
Liguem a Sky e ouçam: “O ano escolar abriu e numa escola primária da Escócia ainda não há transporte escolar para onze crianças porque as propostas do concurso para contratar o transporte só serão abertas no dia seguinte ao do início das aulas.” Não vale a pena, em nenhum país da Europa isto é notícia (quase de abertura) de uma estação de televisão e muito menos de uma estação pública.
Dou-lhes cinco tostões e uma mão cheia de figos se encontrarem na imprensa de um qualquer país da Europa o caso de um professor que terá chamado f. da p. ao primeiro-ministro a ocupar, imprensa, parlamento e Presidente da República ou monarca a dedicarem semanas a tão importante assunto. Não faltam primeiros-ministros merecedores do adjectivo, professores com vontade de lhes ofender a mãe, presidentes e monarcas sem nada que fazer, mas nunca vi algo parecido.
O que diriam os ingleses se abrissem um jornal e ficassem a saber que o procurador-geral lá do sítio recebeu o presidente de um banco envolvido em crimes fiscais a título de cortesia, poucos dias depois de tomar posse? Chamar-lhe-iam saloio e, ainda por cima, temeriam pela justiça local pois só para receber meia city o procurador não faria mais nada durante dois meses.
Este país está a ficar pequenino, já de si o território não é grande e ainda por cima os espanhóis ficaram-nos com Olivença, mas, pior do que isso, abundam por cá as nano-personagens fazendo parecer que Portugal se está a transformar no cenário ideal o “Lilliput”. Temos governantes pequeninos, jornalistas pequeninos, magistrados pequeninos, enfim, grandes só os problemas que temos para resolver.