quinta-feira, outubro 04, 2007

Lisboa, uma câmara para gerir a própria câmara


Ao olhar para o organograma da Câmara Municipal de Lisboa chego à conclusão, a meu ver óbvia, de que a autarquia da capital está organizada para gerir os seus serviços. A distribuição dos pelouros corresponde mais a uma distribuição da tutela dos imensos serviços camarários do que a tarefas e políticas necessárias a um governo da cidade.

Durante a campanha para as autárquicas intercalares defendi neste espaço que a dimensão de Lisboa justificava uma abordagem mais ampla do que o que é tradicional nas nossas autarquias. Questões como a cultura, o turismo, o desenvolvimento económico e a própria expansão da cidade impõem uma abordagem que não é a que resulta de uma distribuição de pelouros numa perspectiva administrativa.

Não foi essa a opção de António Costa, cada um dos seus vereadores não passa de um subdirector-geral que tem a cargo um conjunto de direcções de serviços, à semelhança do que sucede em qualquer direcção-geral do Estado, consumindo uma boa parte do seu tempo e energias com a gestão da própria câmara. Desta forma a autarquia consome a maior parte dos seus recursos na gestão da própria autarquia.

Compreende-se assim que enquanto os vereadores andam preocupados com a burocracia interna da cidade questões importantes para o futuro desta sejam tratados pela Zezinha nos intervalos dos seus afazeres sociais ou das sessões de manutenção no Clube 7.