OS extremistas dos gabinetes de Bruxelas e do FMI aproveitaram-se da fragilidade intelectual dos governantes portugueses parta transformarem Portugal e o seu povo num campo de experiências. O Gaspar foi promovido a um grande economista que nunca foi, Passso Coelho passou a ombrear ao lado dos parceiros europeus, Portugal quase era promovido a país protegido pelos boches.
Mas tudo falhou e não restava à troika senão fazer passar a ideia de que Portugal era o caso de sucesso, confirmando os milagres anunciados pela Santinha da Rua da Horta Seca. Vieram pela última vez e partiram pela calada deixando um comunicado breve. Deixou cá um governo que sofre de troikodependência, com um programa político que foi rejeitado pelos portugueses, com um projecto económico inconstitucional e entregue a si próprio a dias de eleições e com um presidente que não tardará muito a rejeitar a sua criação.
Há quem chame a isto uma saída limpa quando na verdade estamos onde sempre estivemos e mais enterrados do que estávamos, com uma grave crise social, cum uma democracia gerida por dois partidos e um presidente que juntos não conquistariam a autarquia de Lisboa. Quem teve uma saída limpa foram os três palhacitos da troika, por cá deixaram um Passos Coelho e um Paulo Portas a governar sem os sucessivos xutos de troika.
Insistem em chamar a isto uma saída limpa fazendo de conta que o governo decidiu o que quer que fosse, até andam a criar uma grande encenação televisiva com o suposto primeiro-ministro dizendo o que todos sabem. A troika deixou o governo desmamado de um dia para o outro e Passos foi obrigado a abandonar a sua troikodependência sem recurso à metadona.