Foto Jumento
"Trabalha embora morras", Cemitério do Alto de São João, Lisboa
Jumento do dia
Dona Maria
Parece que a dona Maria quer ter uma intervenção mais activa na vida política e partidária portuguesa e como deve ter percebido que já ninguém dá importância ao que diz o marido decidiu dar um ar da sua graça. Aproveitou o tema da emigração para a sua primeira intervenção de defesa do governo e como era de esperar o seu pensamento está povoado por banalidades.
A dona Maria só se esqueceu de dizer que a nossa emigração sempre resultou da pobreza e que nos últimos anos o aumento exponencial da emigração é o resultado de um aumento exponencial da pobreza.
«A primeira-dama portuguesa, Maria Cavaco Silva, lembrou hoje que a emigração de portugueses sempre aconteceu, "mesmo sem crise", sustentando que o mundo atual `encolheu` e que existem oportunidades em todo o lado.
O tema da emigração surgiu durante uma conversa com os jornalistas a propósito da língua, quando Maria Cavaco Silva disse estar convencida de que os jovens portugueses iriam dar a atenção necessária à aprendizagem do chinês e lembrou que o seu neto mais novo estava triste porque uma colega tinha ido viver para Xangai.
Instada a comentar se os pais da criança tinham sido `forçados` a deixar o país, a primeira-dama recordou que a emigração foi sempre uma temática presente nas famílias portuguesas e que a atual facilidade de comunicação permite encontrar "oportunidades" nos mais diversos locais do planeta.» [RTP]
O medo e a ganza
Diálogo imaginário entre Cavaco e Fernando Lima
Ó Nando, desta vez não digas nada aos gajos do Público desta treta dos descontas da ADSE e divulga a coisa só quando eu já estiver dentro da Cidade Proibida de Pequim que é para esses gajos não me chatearem!
Dona Maria
Parece que a dona Maria quer ter uma intervenção mais activa na vida política e partidária portuguesa e como deve ter percebido que já ninguém dá importância ao que diz o marido decidiu dar um ar da sua graça. Aproveitou o tema da emigração para a sua primeira intervenção de defesa do governo e como era de esperar o seu pensamento está povoado por banalidades.
A dona Maria só se esqueceu de dizer que a nossa emigração sempre resultou da pobreza e que nos últimos anos o aumento exponencial da emigração é o resultado de um aumento exponencial da pobreza.
«A primeira-dama portuguesa, Maria Cavaco Silva, lembrou hoje que a emigração de portugueses sempre aconteceu, "mesmo sem crise", sustentando que o mundo atual `encolheu` e que existem oportunidades em todo o lado.
O tema da emigração surgiu durante uma conversa com os jornalistas a propósito da língua, quando Maria Cavaco Silva disse estar convencida de que os jovens portugueses iriam dar a atenção necessária à aprendizagem do chinês e lembrou que o seu neto mais novo estava triste porque uma colega tinha ido viver para Xangai.
Instada a comentar se os pais da criança tinham sido `forçados` a deixar o país, a primeira-dama recordou que a emigração foi sempre uma temática presente nas famílias portuguesas e que a atual facilidade de comunicação permite encontrar "oportunidades" nos mais diversos locais do planeta.» [RTP]
O medo e a ganza
Diálogo imaginário entre Cavaco e Fernando Lima
Ó Nando, desta vez não digas nada aos gajos do Público desta treta dos descontas da ADSE e divulga a coisa só quando eu já estiver dentro da Cidade Proibida de Pequim que é para esses gajos não me chatearem!
As exportações
Parece que nem com a Santinha a comprar desses sapatos pirosos fabricados em Portugal as exportações mantiveram o crescimento, uma prova de que muito do sucesso passado se deve a Pedro Reis pois desde que saiu do AICEP. Bem, a paragem da refinaria de Sines e da Autoeuropa também não ajudaram, logo estas dus empresas que investiram em Portugal por acreditarem no ajustamento e na overdose de troikismo.
Candidato ou moço de recados da campanha?
«Isto das dívidas soberanas é um bocado como as vacas loucas e o antrax, é por ondas. Qualquer dia se calhar ninguém fala disto, como ninguém falou antes."A frase é de um dos entrevistados do DN de amanhã, quadro de uma multinacional alemã despedido em 2012 que agora, usando as poupanças, joga na bolsa para sustentar a família.
Vítor - chama-se Vítor, 40 anos - julga ter aprendido a seguir "a mão invisível": "Há ciclos. E nestes três anos houve gente a fazer muito, muito dinheiro. Houve bancos e empresas portuguesas que subiram 300%. E enquanto os resultados do País eram cada vez piores, os juros da dívida desciam cada vez mais. Um dos ativos mais lucrativos, aliás, foi a dívida grega - os especuladores perceberam que o caminho era sempre a descer, e portanto valia a pena comprar." Porque, explica, "deve-se comprar no caos e vender quando está tudo eufórico".
Mas, claro, quando a esmola é muita o pobre deve desconfiar: "Houve uma altura em que éramos os piores do mundo, e agora somos os melhores, e sem ter mudado nada. Tenho receio do que pode suceder." O que pode suceder, risco para o qual muitos economistas não engajados na teoria da "austeridade salvífica" alertam, é que não tendo a descida dos juros qualquer relação com o estado da economia dos países, tudo pode mudar de um momento para o outro - e sem aviso.
Numa entrevista dada nesta semana ao Público, o britânico Philippe Legrain, conselheiro de Barroso entre 2011 e fevereiro de 2014 ("Nunca seguiu os meus conselhos", comenta), reforça a teoria da conspiração de Vítor. Os resgates da Grécia, Portugal e Irlanda foram resgates aos bancos alemães e franceses, diz Legrain: não foi reestruturada a dívida grega, em 2010, quando se revelou o estado das contas da Grécia, porque isso implicava grandes perdas para os bancos dos dois países do "diretório". "Emprestar dinheiro a uma Grécia insolvente transformou os maus empréstimos privados dos bancos em obrigações entre governos", explica este economista, que publicou neste ano um livro sobre a crise europeia. "O que começou por ser uma crise bancária que deveria ter unido a Europa nos esforços para limitar os bancos acabou por se transformar numa crise da dívida que dividiu a Europa entre países credores e países devedores. E em que as instituições europeias funcionaram como instrumentos para os credores imporem a sua vontade aos devedores."
Em 1936, a três dias de ganhar o segundo mandato, Roosevelt, o presidente que regulou o sistema bancário que causara a Grande Depressão de 1929 e ergueu a América da miséria com o New Deal, disse: "Sabemos agora que o governo pelo dinheiro organizado é tão perigoso como o governo da máfia." Setenta e oito anos depois, o dinheiro organizado brinda à vitória. E os servos, alvares, emulam-no.» [DN]
Fernanda Câncio.
Pés de barro
«Os dados divulgados esta semana pelo INE provam que o apregoado "sucesso do ajustamento" não passa afinal de uma perigosa fantasia: a economia portuguesa entrou de novo numa trajectória de recessão, caindo 0,7% no 1º trimestre deste ano face ao trimestre anterior.
Resumindo: a propaganda governamental foi atropelada pela realidade e teve morte imediata.
O recuo da economia portuguesa no primeiro trimestre deste ano é decepcionante e ainda mais por ocorrer em contra ciclo, já que neste mesmo trimestre a economia da União Europeia apresentou, em termos médios, um crescimento de 0,3%. O pior, todavia, é que a explicação do INE para este mau resultado da economia portuguesa desmente toda a narrativa em que o Governo pretendia fazer assentar a sua fantástica teoria do "milagre económico". De facto, feitas as contas, o que o INE diz, preto no branco, é que "A procura externa líquida apresentou um contributo negativo expressivo (...), devido principalmente ao abrandamento das Exportações de Bens e Serviços, tendo as importações de Bens e Serviços acelerado".
Perante isto, duas conclusões se impõem e ambas desautorizam a propaganda governamental. Em primeiro lugar, o abrandamento significativo das exportações (fortemente determinado, como é sabido, pela diminuição conjuntural do contributo da produção da refinaria da GALP0.63% em Sines, um projecto lançado e apoiado ainda durante os governos socialistas) prova que, ao contrário do que diz o Governo, não ocorreu nestes últimos três anos nenhuma modificação estrutural da economia portuguesa que permita sustentar duradouramente o crescimento das exportações. Em segundo lugar, bastou a coincidência de um abrandamento conjuntural das exportações com um ligeiro crescimento da procura interna para reduzir a pó a propalada joia da coroa do programa de ajustamento - o equilíbrio na balança com o exterior - e dar lugar a um "contributo negativo expressivo" da procura externa líquida.
Trajectória recessiva, abrandamento das exportações, procura externa líquida negativa - todos estes dados gritam a mesma coisa: o sucesso de que fala o Governo está em rota de colisão frontal com a realidade da vida da economia, com a realidade da vida das empresas e com a realidade da vida das famílias e das pessoas. É, aliás, nesse mundo real que, segundo dados revelados também esta semana pelo INE, os portugueses, contra tudo o que lhes foi prometido, tiveram de suportar em 2013 um aumento brutal da receita do IRS de 34,3% (!) contribuindo assim para o recorde absoluto da carga fiscal em Portugal, que atingiu os 34,9% do PIB.
É por essas e por outras que se tornam absolutamente grotescas tantas celebrações festivas e todo este frenesim que para aí vai de conselhos de ministros extraordinários. Não creio que nada disso possa sobrepor-se ao conhecimento que os portugueses têm da situação do seu país e à consciência do que será o seu futuro se nada mudar. Eles sabem, melhor do que ninguém, que o sucesso de que fala a propaganda do Governo tem pés de barro.» [DE]
Autor:
Pedro Silva Pereira.