Desde os tempos do PSD de Cavaco Silva que a direita evita debater ideias ou promover os seus projectos, as suas campanhas assentam habitualmente na desvalorização dos líderes do PS. A máquina está tão bem oleada que nem é necessário qualquer argumentário secreto. A estratégia é sempre a mesma, apenas variam os argumentos em função das circunstâncias, argumentos que vão desde as alcunhas à difamação.
Quem se lembra do que se discutiu na campanha eleitoral em que António Guterres era líder do PS? Não há memória de uma única ideia ou proposta de Fernando Nogueira, para a história ficou a alcunha de picareta falante que puseram a António Guterres. Quem se lembra das propostas de Santana Lopes? Ninguém pois Santana Lopes não concorreu com ideias, encomendou aos jotas (uma espécie de milícia armada da difamação) uns outdoors lançando insinuações sobre Sócrates, para depois se apresentar como um modelo de reprodutor nacional.
O PSD está viciado nesta estratégia que todos os seus apoiantes nem sequer precisam de instruções, basta o PS eleger um novo líder para no dia seguinte desde o Expresso ao Sol ou desde a SIC à TVI começam logo um trabalho mais ou menos descarado de desvalorização, subalternização e mesmo difamação.
Que projectos ou ideias apresentou o PSD nestas eleições eleitorais? Nenhumas, o pequeno Rangel confundiu a apresentação da candidatura com as suas noites domésticas de cinema e inventou um programa equivalente aos latidos dos 101 Dálmatas. Desde então só se ouvem ataques sujos ao PS e ao seu líder, enquanto Cavaco Silva oscila entre o elefante subtil apelando ao consenso ou é mais descarado lançando ataques venenosos e menos próprios aos que falaram em segundo resgate, logo ele que foi precisamente um dos primeiros a levantar tal hipótese.
Aquilo a que já estamos assistindo e vamos assistir ao longo desta campanha eleitoral é o culminar de três anos de trabalho sujo em que dezenas de jornalistas e todos os ex-líderes do PSD (que agora são comentadores, comissários em Bruxelas e outras coisas que dão dinheiro e/ou conforto) se desdobram em manobras que visam apenas desvalorizar as capacidades do líder da oposição. A direita sempre teve a opinião de que os seus governos se justificam por uma ordem natural e esta estratégia não passa disso, qualquer imbecil só porque diz ser de direita já se sente um ser superior que tem o direito de difamar todo e qualquer cidadão ou líder político da esquerda.