Em condições normais todo o cidadão sabe quanto vai ganhar no mês seguinte, nos termos de uma relação contratual que mantém com uma entidade empregadora estão definidas as funções, os direitos e regalias, o ordenado, o horário de trabalho, o período de férias e outros itens que interessem a empregador e a empregado.
Em Portugal isso deixou de ser verdade para os funcionários públicos, como alguém descobriu que em média um médico que trabalhe no Estado ganha mais do que uma empregada doméstica do sector privado estes cidadãos deixaram de ter direitos, deixaram de ter direito ao futuro, não sabem se no próximo ano vão ter férias, vão ter o mesmo horário de trabalho, vão ter o mesmo vencimento.
O normal para qualquer cidadão é ter esperança de poderem vir a melhorar a sua situação graças a uma promoção merecida, a um aumento do vencimento em função da sua produtividade, entre outra possibilidades. Mas esses seres inferiores e desprezíveis que são os funcionários públicos, que em Portugal merecem dos mesmos direitos e consideração social que mereciam os judeus na Alemanha de Hitler, não podem ambicionar melhorar a sua vida, perderam o direito a quaisquer promoções, o governo pode fazer-lhes o que bem entender e não sabem se no próximo ano vão perder mais 10% ou 20% do vencimento.
É verdade que o governo até lhes promete que no próximo ano vão receber 20% do que lhes foi tirado à margem de quaisquer princípios constitucionais, princípios que em Portugal continuam a ser razoáveis para todos os cidadãos, menos para os funcionários públicos pois estes representam apenas despesa, um fardo para a sociedade. Mas estas promessas governamentais valem nos dias de hoje o mesmo que valiam as promessas que os nazis faziam aos judeus que eram metidos nos vagões de gado, dizendo-lhes que iam para locais aprazíveis. Um dia destes o Passos Coelho ainda vai mostrar a futura nota de cem euros com que vai aumentar os vencimentos dos funcionários nos próximos anos.
Os funcionários públicos suportaram e vão continuar a suportar quase sozinhos as consequências de uma crise financeira de que não foram responsáveis e o país assiste a esta situação calma e serenamente, com muito boa gente feliz porque outros são os sacrificados. Os funcionários públicos foram tatuados com um “D” de despesa e por isso não sabem se no próximo ano têm dinheiro para pagar as férias ou se têm mesmo direito a férias, se poderão continuar a pagar a prestação da casa.
Mas ao governo desta gente não basta destruir a vida dos funcionários públicos, ainda têm de os tratar da forma mais indigna possível, mentindo-lhes sistematicamente, criando-lhes falsas expectativas, o governo goza com os funcionários públicos, falta-lhes ao respeito quase diariamente, não têm o mais pequeno respeito pela sua inteligência, logo um governo de gente pouco habilitada formado por ministro que na sua maioria teriam chumbado num concurso de acesso `Função Pública.
Começa a estar na hora de os funcionários públicos dizerem basta e exigir ao país uma política limpa feita por gente que não seja suja.