quinta-feira, junho 26, 2008

A pobreza, o TGV, a Dra. Ferreira Leite e o Dr. Bambo


Se nos meus tempos de estudante me lembrasse de propor numa aula de Política Económica que o combate à pobreza fosse financiado pelo dinheiro a obras públicas e que o instrumento para combater essa pobreza fosse o apoio a instituições de solidariedade social, ainda hoje andaria a tentar a acabar o curso. Tive como professora de Política Económica a Dra. Manuela Silva, mas se tivesse sido a Dra. Manuela Ferreira Leite receio que o resultado seria o mesmo, a líder do PSD disse uma barbaridade, só que sabe que os ilustres professores da Nova não ousarão denunciar o logro e que os pobres pouco sabem da matéria.

Que pobreza pretende Manuela Ferreira Leite combater?

A gerada pelo desemprego não deve ser, os desempregados vão aos centros de emprego e a melhor forma de evitar esta forma de pobreza é criar emprego. Ora, se a Dra. Ferreira Leite suspende obras o que consegue criar é mais desemprego, ela sabe muito bem quanto a criação de emprego pela economia portuguesa depende dessas obras, foi um vício apanhado nos tempos dos governos de Cavaco Silva, em que ela participou ainda que como figura menor.

A pobreza endémica que tem raízes culturais também não é combatida com muito dinheiro investido na sopa dos pobres. Essa pobreza existe, mas exige uma intervenção a longo prazo que não pode depender do progresso económico.

Restam os pensionistas que auferem de pensões mais baixas, que ficariam mais gratos com um aumento da pensão do que com um saco de papo-secos oferecido pela Santa Casa.

É importante combater a pobreza, assegurar que todos os portugueses, pensionistas, desempregados ou outras vítimas da exclusão económica, tenham acesso a um mínimo de meios. O Estado deveria definir um cabaz de bens e estabelecer um rendimento mínimo com base no seu custo. Com base nesse montante seriam estabelecidas as pensões mínimas, os subsídios de desemprego e outras prestações sociais.

Mas para financiar uma medida deste tipo não é necessário recorrer à comparticipação nacional na construção do TGV. Ao contrário da ilusão criada por Ferreira Leite é apenas desta comparticipação de que se poderia dispor, se ela existisse, já que não se pode fazer como fez a líder do PSD, ao mesmo tempo que se criticou o governo com endividamento resultante das obras públicas defende-se que esse dinheiro seja já usado na ajuda aos pobres. Ou seja, Ferreira Leite prescinde de criar emprego com as obras e ainda quer que se desvie o dinheiro do crédito para dar um euromilhões às instituições de solidariedade social.

Numa universidade séria eu não levava apenas com um chumbo, seria convidado a mudar de curso o que até seria simpático, na verdade, a jogar desta forma com os números o mais certo é que me sugerissem um estágio no consultório do professor Bambo.