Em Portugal uma empresa que tenha lucros e não seja de pequena ou média dimensão torna-se numa empresa “non grata”, proxeneta da riqueza nacional. Enquanto os países ricos têm orgulho nas suas grandes empresas, em Espanha admira-se a Zara ou a Seat, os suecos orgulham-se do IKEA, os alemães exibem o poder das suas multinacionais, os italianos exibem a Fiat, em Portugal temos orgulho da “tasca da coxa”, enquanto os outros exportam tecnologia nós estamos convencidos que vamos conseguir a internacionalização da economia com uma marca de alcagoitas ou de tremoços.
A verdade é que as grandes empresas pagam melhor, promovem mais, qualificam mais os seus trabalhadores, promovem menos despedimentos e pagam melhor. Não conheço nenhum trabalhador de um GALP ou de uma PT que tenha abandonado estas empresas para, ganhando o mesmo, mudarem para uma pequena empresa.
Dizer que são as pequenas e médias empresas que criam emprego para justificar a concentração dos apoios nestas empresas é uma idiotice, as grandes empresas são as melhores clientes das pequenas e médias empresas, pagam melhor e a tempo e horas, são clientes estáveis. Aliás, é a actividade das grandes empresas que gera a criação das mais bem sucedidas pequenas e médias empresas. Veja-se o que se passa à volta de empresas como a Autoeuropa.
Mesmo a ideia de que as grandes empresas se escapam aos impostos é falsa, a maior parte do IRC é pago por uma dúzia de empresas, e a factura de IVA cobrado por estas empresas é uma receita fiscal bem mais segura do que a que é cobrada às pequenas e médias empresas.
É evidente que na perspectiva da esquerda é politicamente incorrecto dizer estas coisas, mesmo sabendo que as situações de maior exploração dos trabalhadores, diria mesmo de quase escravidão, se encontram nas empresas de patos-bravos, que com objectivos meramente eleitoralistas estão a ser convertidas em modelos de virtudes a seguir.
As nacionalizações foram um erro grave e passados trinta anos ainda ninguém aprendeu a lição, nem mesmo a direita que parece ter aderido ao populismo empresarial. Enquanto na Europa se procura melhorar a competitividade das suas empresas, sejam grandes ou pequenas, por cá ainda andamos armados em bons cristãos e dizemos que é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que uma empresa entrar para o céu.
Só a que a idiotice em economia tem um preço elevado, o subdesenvolvimento.