segunda-feira, agosto 31, 2009

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

Alfama, Lisboa

JUMENTO DO DIA

Alberto João

Só mesmo o Alberto João para admitir implicitamente que Manuela Ferreira Leite comprou o seu apoio ao programa eleitoral com a garantia da alteração da lei das finanças regionais em caso de vitória do PSD.

O ENDURECIMENTO DO DISURSO DE DIREITA DE FERREIRA LEITE

O programa já tinha levado o PSD mais para a direita, tendência que foi confirmada com o discurso da líder do PSD na Universidade de Verão. Manuela Ferreira Leite pretende alinhar o discurso com Cavaco Silva ou num cenário de derrota já está a disputar os votos do CDS?

AVES DE LISBOA

Ganso-do-Egipto [Alopochen aegyptiacus]
Local: Quinta das Conchas [2009-08-30]

FLORES DE LISBOA

VOT, OBVIAMENTE, PSD

«Com a vitória de Junho, parecia ter-se instalado a dinâmica mínima necessária para conduzir o PSD à liderança do Governo. Infelizmente, muito do que tem acontecido desde então voltou a trazer incerteza ao resultado final. Nomeadamente, o processo de escolha de candidatos a deputados e as suas sequelas (por exemplo o affaire Moita Flores), as declarações estratégicas avulso e desconexas de muitos dirigentes e, menos, o conteúdo do programa eleitoral ontem apresentado.

As listas de candidatos foram escolhidas unilateralmente pela líder e seus colaboradores. Legalmente, cumprindo os estatutos, legitimamente, porque nunca prometeu - ao contrário de mim próprio - inverter as regras e dar poder ao país e às bases. Não enganou ninguém. Todavia, levou longe de mais esse exercício. A exclusão de Passos Coelho, Miguel Relvas, Rui Gomes da Silva, foi um disparate político; a inclusão de António Preto uma opção errada; a imposição de alguns cabeças de lista sem nexo aparente com os ciclos eleitorais um exercício sem sentido. Até o facto de existirem muitos filhos de políticos nas listas - talvez em excesso - só ganhou relevância dado o clima de fractura escusadamente criado. Esta questão parasitará, negativamente, todo o processo em curso.» [Público assinantes]

Parecer:

Por Luís Filipe Menezes.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

DEIXEM-NAS ARROLHAR

«A época de caça às rolas abriu no dia 15. Desde esse dia que as rolas que pousavam na antena da nossa casa não fazem o cru-cru-cru que faziam todos os dias. Ou o tur-tur-tur latino que fez com que sejam conhecidas por Streptopelia turtur. Os ingleses interpretaram bem o turtur e, no mesmo espírito, chamaram-lhe turtle doves, apesar de terem (um) pouco a ver com as tartarugas.

Ontem recomeçaram. Se calhar, os caçadores cansaram-se. Ou pararam por respeito. Um desgraçado de um pai matou um filho de 16 anos quando caçavam rolas. Deve ser como envenenar involuntariamente um filho com uma batata frita, quando se leva o rapaz à Luz para ver jogar o Benfica. Quer-se partilhar e ensinar e incluir, mas, por azar, acaba-se por excluir para sempre a pessoa amada.

De qualquer modo, as rolas estão lixadas. Um relatório de 2007 diz que a população de rolas caiu 62 por cento nos últimos anos. Mesmo assim, o estatuto de conservação que lhes atribuem é o mais "quero lá saber" de todos. É "LC": least concern. É a categoria das aves com que menos se preocupam.

A carne das rolas é magra e pouca e precisa da gordura de outros animais para ser minimamente saborosa. A fome é muita. Mas serão as rolas que ajudam a resolvê-la?
Uma vez comi uma canja de pombo; outra vez um arroz de tordos. Em ambos os casos paguei uma fortuna e fiquei, para além de gastronomicamente desiludido, pesaroso e culpado. Será que não podemos deixar as rolas cantoras em paz?»
[Público assinantes]

Parecer:

Por Miguel Esteves Cardoso.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

FERREIRA LEITE MAIS À DIREITA DO QUE NUNCA

«Por outro lado, acrescentou, "criou-se um ambiente de intriga e de falsas verdades, diluíram-se pilares da sociedade como a família e o casamento, para impor a vontade da lei onde devia prevalecer a liberdade individual", a coberto de "proteccionismos pseudo-esclarecidos" e entrando-se no "declínio e na erosão dos valores cívicos e éticos".» [Diário de Notícias]

Parecer:

Estas declarações são a versão partidária do veto presidencial à lei das uniões de facto.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Ainda bem.»

TRATAR O CÃO COM O PÊLO DO PRÓPRIO CÃO

«"Quando se não quer comentar, não se comenta. Quando se comenta, alimenta-se a polémica." Assim comentou, por sua vez, o dirigente socialista Ricardo Rodrigues as palavras de ontem do Presidente Cavaco, que classificou a questão das "escutas" a assessores de Belém como tentativas de "desviar as atenções dos reais problemas do País" . Cavaco frisou ainda que, "no tempo em que vivemos", não fará comentários com conotações político-partidárias.

Os socialistas parecem, no entanto, reenviar a bola para o campo do Presidente, sublinhando que a polémica começou em Belém. Outro dirigente socialista, José Lello, é ainda mais directo. "Acho que a declaração do Presidente é uma crítica à sua Casa Civil, porque a situação foi criada por fontes anónimas de lá oriundas. O Presidente deveria, talvez, preocupar-se com isso", disse Lello ao DN.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Este assunto só merece uma gargalhada.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a devida gargalhada.»

SANTANA REAPARECEU

«"Está na altura de parar e olhar, para as pessoas não dizerem sempre as mesmas coisas nos programas. É por isso que eu gosto do programa da doutora Manuela Ferreira Leite, é contido e não diz aquilo que não pode, nem diz aquilo que não sabe", afirmou Santana Lopes, no último jantar-conferência da Universidade de Verão do PSD, que termina no domingo.» [Diário de Notícias]

Parecer:

O afastamento de Santana Lopes parece justificar-se pelo facto de o candidato a Lisboa não querer ser prejudicado com a colagem à imagem da líder. O mesmo parece suceder com Manuela Ferreira Leite.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Ferreira Leite se vai aparecer ao lado de Santana antes das autárquicas.»

SASCHA HUTTENHAIN

PROJECTO QUIXOTE