sábado, agosto 22, 2009

Portugueses...

O acidente ocorrido em Albufeira com o desmoronamento parcial de uma falésia mostra bem como somos enquanto povo.

A primeira preocupação do autarca foi chamar a atenção para a existência de uma placa alertando para o perigo, depois de um discurso de ocasião acabou por concluir que o acidente aponta para a necessidade de as autarquias terem mais competência nas praias, que são do domínio público marítimo. O autarca tem razão, se em vez de uma rocha lá estivesse um condomínio fechado com acesso directo ao mar a populaça não se tinha ido bronzear para aquele local, ainda por cima à borla e sem contribuir para os cofres autárquicos.

As autoridades lá deram as devidas explicações, o capitão do porto, vestido em farda de Verão como mandam as regras e com as divisas a reluzir lá concluiu que no local estava uma placa, pouco importa se alertava para uma derrocada ou para as marés, estava lá e como diria um futebolistas “prontsh!”.

A técnica adiantou como causa provável o recente sismo ocorrido no Algarve, com epicentro a sul da Ilha de Faro, até deu uma brilhante explicação técnica, depois de um sismo as falésias podem reagir num prazo de quatro dias. Só não explicou foi a razão porque sabendo-se disso não se emitiu nenhum alerta.

O povo fez o que lhe cabe, apontou culpados e denunciou a placa por insuficiência de informação, é evidente que por mais que toda a gente soubesse do perigo a culpa deverá ser sempre de uma qualquer entidade pública, terá de haver um culpado de serviço. É evidente que uma sombra à beira-mar sem ter de pagar o toldo é um luxo que leva muitos a madrugar para disputar o lugar de luxo, a placa está ali mas a falésia é como o vaso que só cai em cima de outro. De nada servem os avisos ou os alertas dos banheiros, só mesmo uma cerca em arame farpado impediria os banhistas de usar o local.

Por fim lá apareceram as os altos responsáveis, foram exibir as convenientes lágrimas de crocodilo e dar ares de grandes timoneiros. Cavaco Silva foi o primeiro, lá estava com um ar de Mao Tse-Tung nos tempos da longa marcha, não ajudou grande coisa, empatou os que estava a tentar salvar possíveis sobreviventes, mas mostrou ser um grandioso líder, ficou bem na chapa, aquele ar bronzeado fica-lhe a matar. Enfim, do mal o menos, não se fez acompanhar da Maria, era mais uma a empatar os trabalhos.