terça-feira, agosto 11, 2009

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTOS DE FÉRIAS NA PRAIA DO CABEÇO

Ponte sobre o Rio Guadiana

FOTO JUMENTO

Chaminé de Castro Marim

JUMENTO DO DIA

Autores do blogue "31 da Armada"

Os autores do "31 da Armada" hastearam uma bandeira monárquica na Câmara Municipal de Lisboa, tanto quanto se percebeu pela notícia isso foi feito com o conhecimento de prévio de pelo menos uma estação de televisão que filmou tudo com o cuidado de evitar a vigilância popular.

Ouvir o autor do blogue explicar as razões em entrevista à televisões e foi evidente que não tinha qualquer motivo, discutir o centenário da República é um argumento frouxo. O que os bloggers do 31 da Armada pretenderam não foi mais do que dar um golpe mediático para ganharem visitas, ganharam com a brincadeira, vão ganhar com as investigações e ganharão ainda com um eventual julgamento.

OS PARTIDOS E OS BLOGUES

Cada vez tenho mais a sensação de que os partidos da esquerda conservadora estão a destacar militantes para contestarem os blogues que os incomodam. Não há opinião que não mereça vários posts a título de "contraditório"ou, na falta de melhor, um post alternativo. É também de assinalar que têm vindo a melhorar nos métodos, há uns tempos recorriam à ofensa sistemática.

Eu compreendo que é mais fácil beneficiar da audiência de blogues que detestam do que fazerem os seus próprios blogues, mas é mesmo esse o convite que dirijo aos meus "controleiros", que criem blogues para defenderem as suas ideias.

AVES DE LISBOA

Pavão
Local: Parque Eduardo VII

FLORES DE LISBOA

No Jardim Botânico

EU E SOLNADO

«Não sou perfeito, não me ri quando soube da morte de Raul Solnado. Fiz o mesmo que a amiga de um amigo meu que lhe mandou a frase justa: "Morreu o meu primeiro entrevistado." Pois. Anda para aí a epidemia "eu e o Solnado." Na sua morte, confirmou-se o lugar de Raul Solnado: parte de mim. Quase todos temos alguém que nos vê assim, da forma mais egoísta; raro é o que tem tantos a vê-lo assim. Mas, se querem que vos diga, estou-me nas tintas para esses tantos. Hoje, estou particularmente interessado em mim. Gosto de mim a ouvir a Guerra de 1908. A atar uma guita à bala para poupar. A prender o inimigo e a anunciar que só não o trouxe porque ele não quis vir. E, porque tive a sorte de ter privado um bocadinho com Raul Solnado, lembrar-me de mim, cadeira puxada a trás, fazendo-me mosca. Reconheci a voz atropelada e dei conta que os olhos não podiam deixar de ser o que eram, dançarinos. Há na minha terra uns pássaros com aquele nervoso dos que têm lá dentro mais do que o corpo pode aguentar. Chamam-se catetes e já não via nenhum há mais de 40 anos. No sábado, vi um. Quando cheguei a casa, eu tinha um encontro comigo.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Por Ferreira Fernandes.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

AS ONDAS DO ATLÂNTICO

«Tem surgido, um pouco por todo a parte, na senda neoclássica, e vividas as experiências (controladas e localizadas) dos anos oitenta...

Tem surgido, um pouco por todo a parte, na senda neoclássica, e vividas as experiências (controladas e localizadas) dos anos oitenta, a ideia de que é unicamente com a descida de impostos que a economia voltará a funcionar, pelo choque da oferta agregada. Sucede, porém, que, para além da mencionada oferta, a procura efectiva global não é uma abstracção. Daí que John M. Keynes tenha dito que não há um só equilíbrio na economia, como pretendia Léon Walras. E o que acontece ainda hoje é que há quem continue a pensar que o velho e estático equilíbrio geral walrasiano ainda existe. Nas palavras de Irving Fisher, "é absurdo assumir que, no longo prazo, as variáveis económicas, total ou parcialmente, possam permanecer estáveis, em perfeito equilíbrio, assim como poder alguma vez ver o Oceano Atlântico sem ondas" (The Debt-Deflation Theory of Great Depressions, 1933).

É verdade que os modelos até aos anos setenta reconheciam que as expectativas influenciavam o comportamento dos agentes económicos, mas que não as incorporavam explicitamente. Robert Lucas assumiu, contudo, que os modelos apenas capturavam as relações entre as variáveis económicas no passado, tendo em conta as políticas pretéritas. Ora, sempre que as políticas mudavam, as expectativas dos agentes económicos deveriam mudar e, consequentemente, as simulações macroeconómicas deveriam passar a ter isso em consideração.

É preciso dizê-lo com muita clareza: perante a ameaça do desemprego (que corrói a coesão social, a confiança e as expectativas dos agentes) é fundamental não ficar pelo ‘wishfull thinking' do redimensionamento abstracto do Estado, nem pela ilusão do equilíbrio económico único. Só essa tentação pode levar a acreditar na varinha mágica dos desagravamentos fiscais inconsistentes e sem limites (à espera do milagre da multiplicação dos pães).

Franklin D. Roosevelt, adorador do mercado como o único regulador, na liberal América, percebeu que a coesão social exigia que o Estado assumisse responsabilidades transitórias, mas claras. E hoje sabemos que não podemos cometer o erro antigo de tentar seguir Keynes esquecendo que foi o mesmo que nos ensinou que, num caso de desemprego como o actual, e existindo ainda um grande potencial de requalificação da economia portuguesa, não há alternativa se a sociedade não investir.

As medidas de redução de receitas cegas e tomadas de modo indiferenciado sem atender à conjuntura do emprego conduzem ao desastre certo... como no dia em que o Oceano Atlântico deixasse de ter ondas...» [Diário Económico]

Parecer:

por Guilherme W. Oliveira Martins, autor do http://simplex.blogs.sapo.pt/, um ‘blog' feito por apoiantes do Partido Socialista.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

O OXIGÉNIO

«Mais do que uma coisa interessante ou simpática, entender a linguagem é uma coisa necessária. A comunicação assente na linguagem é o nosso oxigénio enquanto civilização humana. Mas lá porque todos respiramos - ou lá porque o oxigénio é invisível - não há desculpa para não meditarmos sobre ele.

Sobre a comunicação, as opiniões taxativas e as tiradas de autoridade são tão frequentes quanto mais o objecto é fugidio. E, contudo, há um princípio da incerteza só para a comunicação. Como só podemos descrever a linguagem através do recurso à própria linguagem, não é possível delimitá-la nem circunscrevê-la.

Consideremos as taxativas opiniões sobre "como a Internet vai matar os jornais". Baseiam-se elas em teses mecanicistas sobre "modelos de negócios" e "substituição tecnológica". Digo "mecanicistas" porque parecem ideias de alguém que olha para o motor de um carro. Mas os jornais, e a imprensa em geral, não são feitos como motores de carros: são feitos de linguagem. E não vejo ninguém olhar para a linguagem e, em vez de fazer previsões, entender o que já aconteceu na relação entre Internet e imprensa. Porque é aí que está a chave.

Então: se pensarmos na razão do sucesso dos blogues veremos que ela não se encontra em modelos de negócio nem em substituições tecnológicas, mas na linguagem que eles se permitem usar. A linguagem dos blogues é assumidamente pessoal, subjectiva e crítica. Ao contrário dos jornais, os blogues não passam a vida a tentar ocultar as suas motivações. Pelo contrário, não cessam de as revelar, pois acham que os seus leitores aguentam bem a dose suplementar de narcisismo e, tendo acesso a um panorama diversificado, saberão fazer a destrinça entre aquilo que é dito e aquilo que deveremos pensar.

Acredito que seja vedado ao jornalismo adoptar a pessoalização e a subjectividade nos seus géneros mais noticiosos. Mas o que está a acontecer é o contrário: no afã completamente ultrapassado de atingir uma informação neutral, o jornalismo corre o risco de neutralizar os seus géneros mais críticos e opinativos.

E ocorre neste momento uma polémica neste jornal entre o provedor do leitor e o crítico João Bonifácio que, sendo minúscula na sua génese (saber se o crítico ofendeu o Belenenses com uma metáfora ou se tinha o direito a dizer que não gostava da banda que tocou num festival), é já crucial para o entendimento futuro destas questões.

Espanta-me nessa polémica faltar uma reflexão sobre as diferenças entre géneros jornalísticos e sobre os diferentes recursos estilísticos que eles convocam. E nessa ausência corre-se o risco de deixar estabelecer precedentes perigosos. Passar a ser matéria de decisão "neutral" a admissibilidade de uma metáfora imprevista ou a individualização de um critério de gosto (ou desgosto, no caso) é de facto o "fim da crítica como a conhecemos", como disse um leitor no blogue do provedor. Ambos os recursos foram desde sempre utilizados pelos críticos para criarem a "voz própria" que é essencial, não só para eles, mas principalmente para os leitores.
É que essa voz própria sempre fez parte das regras daquele subgénero jornalístico, como também da crónica. Aliás: é a essa tradição, se polémica tanto melhor, que os blogues vêm hoje beber o elixir da sua juventude. É irónico, não é? Se o jornalismo impresso alguma vez acabar foi porque, por desatenção à linguagem, se esqueceu da pluralidade de estilos e vozes que sempre teve.»
[Público assinantes]

Parecer:

Por Rui Tavares.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

ENTÃO ADEUS, RAUL

«Com que então morreu Raul Solnado? Duvido muito. Ele era um chato e, por muito que avisasse, insistia em não morrer e acusava sempre a vida de ser a principal responsável por ele viver. Não foi só o que ele nos fez rir. Foi o que ele nos fez viver.

O que mais me custa na morte do Raul foi ter sido morto por nós todos muito antes de ele ter morrido. Ele colaborou; foi o proponente do assassinato; foi generoso de mais com aqueles que o substituíram quando ele ainda era novo. Mas quem o matou foi a nossa arrumação histórica de um actor e de um sentido de humor que só acabaram anteontem.

Se não percebermos que morreram também o Herman José e o Ricardo Araújo Pereira, não percebemos nada. Somos nós que transformamos tudo numa questão de tempo. Somos nós que substituímos o que não temos paciência ou armazenamento metafísico para acumular.

Somos nós, espectadores infiéis, que inventamos sucessões dinásticas, só porque nos fartamos de quem nos faz rir, sem consideração alguma pela graça que continuam a ter, só porque nós já não lhes achamos a mesma.

É costume, na morte de uma pessoa grandiosa, a quem devemos muito, lamentar que tenha morrido. Antes havíamos de pedir desculpa pela maneira como o tratámos enquanto ele ainda

estava vivo. Agora é tarde de mais para dizer quanto o amávamos. Ele era um sentimentalão e Deus queira que tenha morrido a arrepender-se de ter esperado mais de nós e a perdoar-nos por não termos nem a generosidade nem o génio dele. » [Público assinantes]

Parecer:

Por Miguel Esteves Cardoso.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

MAIS UMA GREVE NA TAP?

«Cinco sindicatos que representam trabalhadores da TAP anunciaram hoje que vão propor greves para os dias 28 e 29 de Agosto e 11 e 12 de Setembro, em protesto contra a ausência de revisões salariais desde 2008.

Em declarações à agência Lusa, fonte oficial da TAP disse que a estratégia dos sindicatos de convocar uma greve "é um contra-senso".» [Diário de Notícias]

Parecer:

Começla a ser tempo de privatizar a TAP para vermos quantas greves vão fazer quando em vez de serem os contribuintes a pagar for um patrão.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Privatize-se a TAP.»

MONIZ SAI DA TVI PARA TENTAR COMPRAR A TVI

«Presidente da Ongoing, Nuno Vasconcellos, anunciou, em conferência de imprensa, que José Eduardo Moniz será vice-presidente da Ongoing Media.

De acordo com o responsável, um dos objectivos da Ongoing é trabalhar nos países de língua portuguesa. » [Jornal de Notícias]

Parecer:

E desta vez ninguém insinuou que o negócio tinha a mão de Sócrates.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Cavaco Silva se tem alguma insinuação a fazer.»

JULGAMENTO DE ANTÓNIO PRETO EM OUTUBRO

«O deputado do PSD António Preto, acusado de fraude fiscal qualificada e falsificação de documento no processo conhecido como o "caso da mala", tem julgamento marcado para 27 de Outubro, nas varas criminais de Lisboa.

Segundo fonte do tribunal, o julgamento de António Preto tem início na manhã do dia 27 de Outubro (terça-feira) no campus de Justiça de Lisboa, sendo dirigido pelo juiz-presidente José Reis.» [Público]

Parecer:

O que eu gostava de saber é o que sucedeu ao cunhado médico que emitiu um atestado afirmando que António Preto teve uma tromboflebite no dia em que tinha de fazer uma perícia caligráfica na PJ.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aguarde-se pelo julgamento e questione-se a Ordem dos Médicos sobre o que sucedeu ao médico especialista em cirurgia vascular do Hospital de Santa Marta.»

AUTORES DO 31 DA ARMADA PODEM IR A JULGAMENTO

«Os quatro elementos do blogue 31 da Armada (31daarmada.blogs.sapo.pt) que, durante a madrugada de hoje, escalaram a varanda da câmara de Lisboa e substituíram a bandeira municipal pela bandeira da monarquia, incorrem pelo menos em três crimes: furto, entrada em local vedado ao público e ultraje de símbolo nacional.Depois da manifestação de “guerrilha ideológica”, como designaram os participantes, a autarquia decidiu, ao fim da tarde, apresentar queixa na PSP. Num comunicado enviado à imprensa, informou que, após o “incidente”, tomou “medidas no sentido de averiguar as circunstâncias em que este ocorreu”, tendo feito participação “às autoridades competentes”. Na mesma nota podia ler-se que a bandeira azul e branca foi retirada durante a manhã e que a bandeira com as armas da cidade “desapareceu”.» [Público]

Parecer:

É isso que eles querem.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se para ver.»

ALEX KRIVTSOV

AUTOMOBILE ASSICUATION OF SINGAPURE